2 de outubro de 2025
Politica

Fraude no INSS: investigada movimentou R$ 10 milhões em transferências incompatíveis, diz Coaf

A advogada Cecília Rodrigues Mota, investigada pela Polícia Federal (PF) por supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), movimentou R$ 10 milhões em transferências incompatíveis com seu patrimônio e é “reincidente” em alertas por suspeita de lavagem de dinheiro, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento, enviado pelo Coaf à CPI do INSS, foi obtido pela Coluna do Estadão.

Procurada, a advogada não respondeu. O espaço segue aberto a eventuais manifestações.

“Movimentação de recursos incompatível com o patrimônio”, apontou o relatório do Coaf, que ressaltou já ter sido alertado em outras ocasiões sobre a conduta da advogada. “Cliente reincidente em alertas de monitoramento de prevenção à lavagem de dinheiro, já comunicado ao Coaf”.

Ainda de acordo com o documento enviado à CPI, também levantou suspeitas o fato de que Cecília Rodrigues Mota fez diversas transferências no mesmo dia em que recebia dinheiro na conta, “indicando possível urgência em dificultar o rastreamento de valores”, continuou o Coaf, que considerou “suspeito” o comportamento da investigada.

O órgão de combate à lavagem de dinheiro analisou movimentações financeiras de Mota até abril passado. Em uma delas, de 1º de fevereiro a 28 de março de 2024, menos de dois meses, a advogada movimentou R$ 2,5 milhões.

Cecília Rodrigues Mota é investigação na Operação Sem Desconto.
Cecília Rodrigues Mota é investigação na Operação Sem Desconto.

Advogada tem ‘papel central’ no esquema do INSS, diz PF

Segundo a PF, a advogada “desempenha um papel central na teia financeira que sustenta o esquema de descontos indevidos sobre os benefícios de aposentados”.

A corporação apontou à Justiça que escritórios de advocacia e empresas ligadas a Mota receberam R$ 14 milhões de entidades investigadas por golpes em aposentados e enviaram dinheiro a servidores do INSS suspeitos de corrupção. Os policiais federais disseram ainda que o escritório de Mota fazia movimentações incompatíveis com o patrimônio.

Cecília Rodrigues Mota dirigiu duas entidades investigadas pela PF, a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) e a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB), entre 2017 e 2020.

Outro dado chamou a atenção da Polícia Federal: a advogada fez 33 viagens entre janeiro e novembro de 2024. Em menos de um ano, ela esteve em destinos como Dubai, Paris e Lisboa, onde adquiriu diversos itens de luxo.

As passagens aéreas eram compradas até mesmo no dia do embarque, “sugerindo planejamento mínimo para evitar rastreamento”, apontou a PF. A advogada despachou 31 malas quando chegou de Dubai.

 

 

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