Partidos veem reforma administrativa ‘fora do timing’ e atribuem êxito do IR a ‘fator Lira’
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltou a dizer a aliados nos últimos dias que quer a aprovação da reforma administrativa como legado de sua gestão e pediu ao relator, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), que acelere o relatório. Mas os próprios líderes partidários da Casa estão céticos quanto ao avanço da proposta.
A janela de oportunidade para passar a reforma é até dezembro, já que em 2026 o foco estará nas eleições. No entanto, lideranças graúdas da Câmara afirmam que a Casa sofreu muitos desgastes nas últimas semanas e Motta ficou sem “gordura para queimar”. O êxito na votação do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda foi atribuído por essas lideranças ao “pulso firme” do relator, o ex-presidente Arthur Lira (PP-AL), que tem grande peso político e é conhecido por ser duro nas negociações.
Na avaliação dos líderes, o caminho para a aprovação da reforma administrativa teria de ter sido pavimentado antes. Mas a Casa ficou paralisada com as pautas da oposição. Primeiro, foi o motim de bolsonaristas para pressionar pela anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que fragilizou Motta, impedido de sentar em sua cadeira no plenário. Depois, a desastrada tentativa de emplacar a PEC da Blindagem, em meio a uma nova ofensiva pelo perdão aos condenados do 8/1 e da ação penal da trama golpista.
Para além da liderança de Lira, a tramitação do IR também foi favorecida pelo apelo popular da medida, que tem impacto mais concreto no dia a dia da população, dizem deputados. A reforma administrativa, por outro lado, é mais complexa e enfrenta resistência de servidores públicos e de setores do governo Lula.
