4 de outubro de 2025
Politica

O que se sabe sobre a morte do advogado do Mensalão em Higienópolis

A Polícia Civil aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre a causa da morte do advogado Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco, mas a principal hipótese é que a queda que o levou a bater com a cabeça no chão tenha provocado um traumatismo craniano. Ele foi empurrado durante um assalto na madrugada da última quarta-feira, 1º, em Higienópolis, bairro nobre da capital paulista. A suspeita de intoxicação por metanol está praticamente descartada, mas os investigadores aguardam o relatório do exame médico para desconsiderar em definitivo a hipótese. Pacheco havia consumido bebidas alcoólicas minutos antes de sua morte.

Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que os criminosos seguem o advogado. Um deles dá cobertura enquanto outros dois – um homem e uma mulher – se aproximam para roubá-lo. Pacheco resiste à abordagem, é empurrado pelo homem e cai no chão. Os bandidos cercam o advogado e pegam seu relógio, carteira e celular.

Os suspeitos foram presos. São José Lucas Domingos Alves, Ana Paula Teixeira Pinto de Jesus e Lucas Brás dos Santos. Eles fariam parte de uma gangue com atuação em Higienópolis, Santa Cecília e Vila Buarque, segundo a investigação. As defesas não foram localizadas pela reportagem.

As imagens mostram que o advogado tem dificuldade para caminhar e se segura em um poste. Pacheco passou por uma cirurgia no quadril há um ano e, após uma rotina de fisioterapia, havia dispensado a bengala há pouco tempo.

O criminalista foi encontrado sem os documentos. Uma pessoa viu o advogado convulsionando no chão e chamou a Polícia Militar e o resgate. Ele foi levado ao Pronto Socorro da Santa Casa, mas morreu às 1h40.

A hipótese de intoxicação por metanol foi levantada porque, em um grupo no WhatsApp, o advogado escreveu: “Desculpe os erros, tomei metanol”. Amigos ouvidos pelo Estadão afirmam que a mensagem não passou de uma brincadeira. A Polícia Civil também abandonou a linha de investigação quando conseguiu as imagens das câmeras de segurança e confirmou o latrocínio.

Nesta sexta-feira, 3, a delegada Gabriela Lisboa, do 4° Distrito Policial, da Consolação, que cuida da investigação, afirmou que os suspeitos presos frequentam centros comunitários na região.

“Eles relatam que viram a vítima e que se interessaram pelo fato de a vítima estar sozinha e encontraram um relógio que é relativamente caro”, contou a delegada em coletiva de imprensa para atualizar o caso.

Suspeitos cruzaram com Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco e decidiram voltar para roubar o advogado.
Suspeitos cruzaram com Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco e decidiram voltar para roubar o advogado.

Os bens do advogado não foram encontrados. Já haviam sido repassados, segundo os próprios suspeitos. A Polícia Civil vai continuar a investigação para identificar quem recebeu os objetos.

Pouco antes do assalto, Pacheco estava se comunicando no grupo do WhatsApp com colegas advogados do Prerrogativas, que ele ajudou a fundar em 2015. O criminalista era noveleiro e enviou mensagens sobre o remake de Vale Tudo, da TV Globo.

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, presidente do Prerrogativas, afirma que Pacheco era “brincalhão” e um dos membros mais ativos no grupo do WhatsApp.

“Pacheco estava em uma fase especialmente boa. A morte dele gerou uma comoção profunda, muitas manifestações, esgotaram as coroas de flores da região. Estamos todos enlutados”, disse ao Estadão. “A gente não quer que ele vire uma estatística.”

Na próxima quinta, 9, o grupo vai fazer uma homenagem ao advogado. Amigos e familiares estarão no local do assalto, na esquina entre as ruas Itambé e Maranhão, às 18h, para deixar flores.

Pacheco ficou conhecido por ter defendido o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoíno no Mensalão. O advogado morava com os pais idosos. Deixa também uma irmã e dois enteados que tinha como filhos.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *