6 de outubro de 2025
Politica

Centrão caminha para as eleições com dissidências regionais cobiçadas por Lula e pelo bolsonarismo

BRASÍLIA – A cerca de um ano das eleições de 2026, os principais partidos de centro e centro-direita caminham para liberar seus diretórios regionais a fim de apoiar candidatos conforme a conveniência em cada Estado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tendem a polarizar a corrida eleitoral do ano que vem, devem disputar em cada Estado a aliança com essas legendas.

Em 4 de outubro do ano que vem, os eleitores brasileiros vão às urnas para eleger 1.059 deputados estaduais, 513 deputados federais, 54 senadores, 27 governadores e um presidente da República. O segundo turno está marcado para 25 de outubro.

Eleições para presidente, senador, governador, deputado federal e deputado estadual serão realizadas em outubro do ano que vem
Eleições para presidente, senador, governador, deputado federal e deputado estadual serão realizadas em outubro do ano que vem

O Estadão publica a partir deste domingo, 5, uma série de reportagens mostrando como os cinco principais partidos de centro e centro-direita estão posicionados no tabuleiro político neste momento. Nas últimas semanas, a reportagem conversou com congressistas, lideranças partidárias e ministros de MDB, PSD, PP, União Brasil e Republicanos.

A escolha não foi por acaso. Essas cinco legendas concentram quase metade das cadeiras nas duas Casas do Congresso Nacional e têm sido elemento fundamental para os últimos presidentes garantirem governabilidade no Legislativo.

O fortalecimento desse grupo veio, principalmente, com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, em 2016. À época, Cunha reuniu um conglomerado de parlamentares dessas e de outras legendas nanicas para formar um bloco e enfrentar o candidato governista à presidência da Casa. Foi aí que o Centrão, cuja origem remete à Assembleia Constituinte de 1988, ressurgiu com força e reassumiu protagonismo.

Nos últimos anos, não só Lula, mas Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro também tiveram de contar com o apoio dessas legendas – ou ao menos de parte delas – para aprovarem as propostas de seus interesses no Congresso. Pouco caminhou no Legislativo nos últimos anos sem que houvesse um apoio do Centrão.

Para as eleições do ano que vem, que vão ocorrer daqui a aproximadamente um ano, os partidos ainda monitoram os movimentos de todas as peças para definir suas jogadas. O maior elemento de dúvida até aqui envolve a estratégia de Bolsonaro e seus aliados. Inelegível para o próximo pleito, o ex-presidente vem insistindo em sua candidatura, ainda que nos bastidores esteja discutindo alternativas com seus aliados.

O principal nome cotado na direita é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Apesar de contar com a simpatia do ex-presidente e de caciques do Centrão, Tarcísio indicou a aliados que não pretende trocar uma eleição que considera certa em São Paulo por uma arriscada em nível nacional. Também teria dificuldades no seu próprio partido. O Estadão/Broadcast apurou que diretórios do Nordeste do Republicanos, que são próximos ao PT, devem pedir à cúpula do partido para que possam apoiar Lula, mesmo que a sigla esteja com Tarcísio no ano que vem.

Um cenário parecido é registrado em outras siglas, como PSD e MDB. Mesmo as duas tendo mais lideranças próximas ao governo, ainda há dificuldade em se formar uma maioria para apoiar Lula formalmente nas eleições do ano que vem. O governo não nutre esperanças em relação ao PSD, mas ainda tem a expectativa de conseguir o apoio do MDB até o ano que vem. Contam com a força que o governador do Pará, Helder Barbalho, terá para tentar tirar o partido da zona neutra. Vários outros Estados, porém, já caminham em direção a alianças com a direita e com o centro, distantes do PT. Isso dificulta a construção de um apoio nacional ao petista.

No caso do partido de Gilberto Kassab, integrantes da ala governista já comunicaram à cúpula partidária que apoiarão Lula mesmo que a legenda esteja com Tarcísio no ano que vem. A única forma de não apoiarem o atual presidente é se o governador do Paraná, Ratinho Júnior, for candidato. Consideram que seria incômodo declarar voto em outro candidato sendo que um correligionário é postulante à Presidência.

O União Brasil está cada vez mais distante de uma aliança com o governo. Formado da fusão de duas siglas que se moldaram com políticos eleitos por um eleitorado antipetista, o partido ordenou que seus filiados deixem cargos na administração federal. O ministro do Turismo, Celso Sabino, foi obrigado a pedir demissão. Ele, no entanto, desistiu de sair do governo e agora enfrenta um processo de expulsão da sigla. O partido também mantém outras duas indicações em ministérios: Waldez Góes, no Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, e Frederico Siqueira Filho, no Ministério das Comunicações. A legenda não estará com o PT, mas Lula ainda conta que terá apoios regionais de algumas poucas lideranças partidárias no ano que vem.

A principal exceção é o PP. Políticos do partido afirmam que os diretórios da legenda devem ser obrigados a se distanciar de Lula em uma eventual candidatura de Tarcísio. O presidente da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), é um dos principais entusiastas da candidatura do governador de São Paulo. Ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, ele também demonstra o desejo, nos bastidores, de ser o vice na chapa de oposição ao petista.

 

 

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