A tributação que sufoca, a reforma administrativa e o Bolsa Família
Pude participar da cerimônia de entrega do Prêmio Master Imobiliário, que ocorreu no Clube Monte Líbano no dia 30 de setembro, promovida também pelo Estadão — como denominamos carinhosamente nosso jornal.
Foi um evento, de fato, impecável, com uma apoteótica apresentação tecnológica, regada a músicas de distintas épocas. Desde o início, destacando a presença da Inteligência Artificial no setor, foi sublinhado que ela, de fato, não vinha para substituir o ser humano, mas para potencializar sua atividade, o que já demonstra o teor antropológico proposto na celebração.
As justas premiações foram apresentadas de forma plástica e estética, inserindo-nos nos conceitos, contextos e mindset dos contemplados. Na presença do veterano Romeu Chap Chap, Alvaro Coelho da Fonseca foi o homenageado “Hors Concours” deste ano por sua icônica trajetória.
Porém, o que gostaria de ressaltar, como advogada, foi minha grata surpresa com o discurso dos anfitriões, os Presidentes Flávio Amary e Rodrigo Luna, que trouxeram uma profunda análise da conjuntura brasileira: “Temos um problema”, anunciaram. E concordaram em abordá-lo abertamente diante da repleta plateia.
Começaram pela tributação, cada dia mais sufocante, que acaba por punir os que geram emprego, desestimulando os empreendimentos.
Para além da crise jurídica, também ventilada, sublinharam projetos sociais, citando o Bolsa Família, que, por carecer de contrapartida, gera dependência. Nesse sentido, enfatizou-se a necessidade de fomentar, concomitantemente, com os devidos auxílios, um projeto profissional e a educação dos filhos, dando plataforma para a autonomia.
A importância de uma reforma previdenciária e administrativa de porte também foi salientada como caminho saudável, eficiente e ético.
Ao adentrar no ramo em questão, compartilharam a preocupação pelas políticas públicas que possam efetivamente fortalecer o direito humano à propriedade e à casa própria, como sinal de liberdade, envolvendo o vasto auditório na responsabilidade social que, de certa forma, também nos toca.
A sustentabilidade esteve também presente como pano de fundo das iniciativas, bem como a empregabilidade verde e prateada.
O evento, cuja expectativa poderia centrar-se na temática específica, enclausurando-a de forma pragmática, utilitarista ou, até mesmo, sofisticada, transformou-se em uma conscientização que culminou, de fato, em compromisso para não deixar ninguém para trás no combate à pobreza e à situação de rua.
Poderia continuar discorrendo sobre outros aspectos mencionados, mas quis fixar-me especialmente em duas realidades intrinsecamente conectadas: buscar soluções de moradia que permitam um real desenvolvimento sustentável.
Por fim, ao receber o Caderno Especial relativo ao Prêmio Master, compondo o jornal do dia seguinte ao evento, pensei também nos conteúdos jornalísticos que o seguiram: aumento de tributos, sim. Mas, paralelamente, a esperança no trabalho dos vários segmentos, como este, que promove o desenvolvimento através da liberdade, ou, para a liberdade, como bem afirmou Amartya Sen, a começar desse espaço pessoal onde o ser humano pode realizar-se mais plenamente, em sua vida familiar, profissional e social.
Nesse momento, as luzes da aula Master brilharam, não só para seguir interpretando a realidade, mas para nos exortar a sermos também protagonistas na transformação de vidas, como visou a premiação, estimulando, através dos exemplos e reconhecimentos, não só novos talentos, mas que todos possam dar o melhor de si mesmos na consecução de uma ordem social justa, pacífica e plenamente feliz, como exortava Aristóteles, com a proposta da “good life” também composta pelo oikos, ou lar!