Conversas entre Lula e Trump devem ser comerciais e deixar tom político de fora, diz Rubens Barbosa
A “química” entre Lula e Trump durante a Assembleia Geral da ONU, na semana passada, rendeu bons frutos: os dois presidentes conversaram hoje, 6, sobre o tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos ao Brasil em julho. Segundo o governo federal, a conversa teve tom “amistoso” e Lula pediu a retirada das sobretaxas – uma boa notícia para o setor privado brasileiro, afinal, “sem essa conversa, seria impossível desbloquear as negociações comerciais”, avalia o ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, em entrevista à Coluna.

Lula também chegou a mencionar a retirada das medidas restritivas a autoridades brasileiras, como a Lei Magnitsky, mas ao que tudo indica esse assunto não teve continuidade. Para Barbosa, é importante que a conversa entre os dois chefes de estado tenha se mantido estritamente comercial, sem tocar em temas políticos, como a anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro – embora o próprio Trump tenha abordado o assunto em cartas enviadas ao Brasil anunciando as tarifas. “Esse tema não está e nem deve estar na agenda”, afirma Barbosa.
Donald Trump designou seu secretário de estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com os ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento Industrial), Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), que também participaram da reunião desta manhã.
Rubens Barbosa acredita que a escolha de Rubio foi técnica, já que quem opera a lei de emergência econômica dos Estados Unidos, que foi invocada para colocar essas tarifas sobre o Brasil e outros países, é o Departamento de Estado, chefiado por Rubio. No entanto, pondera: “Também é preciso considerar a questão política e, quanto a isso, não sabemos como Marco Rubio vai se comportar”.
O ex-embaixador diz, ainda, que é preciso esperar a nota do governo dos Estados Unidos sobre o encontro de Trump e Lula para fazer qualquer previsão sobre o futuro das negociações – até o momento, só temos o lado brasileiro desta conversa. Mas Barbosa avalia como positivos os convites de Lula para um encontro presencial. Segundo o governo federal, partiu de Lula a possibilidade de se reunir com Trump na Cúpula da Asean, na Malásia, no final de outubro. O brasileito também se dispôs a viajar aos Estados Unidos e reforçou o convite para Trump comparecer à COP 30, em Belém.