7 de outubro de 2025
Politica

Direita vive guerra de projetos pessoais para a superação de Bolsonaro

O senador Ciro Nogueira, pretendido porta-voz de Jair Bolsonaro, deu uma entrevista – e pronto. Buummmm! O que disse ao Globo, somado às reações imediatas que provocou, mapeia um vestiário rachado. Implodido, para ser exato. O rei está nu; pelados, os príncipes; desiludidos, os donatários. (Enquanto isso, Lula conversou com Trump – e sem que os monopolistas da Casa Branca soubessem.) Exposta a desorganização da direita neste pós-Bolsonaro. Cada um (filhos, inclusive) com o seu projeto pessoal de superação a Bolsonaro – todos sabedores do que seria “o melhor” para Jair e sempre “em defesa” de Jair, o grau de seu encostamento a depender do aliado.

Ciro – sem votos para se reeleger no Piauí – quer ser vice de Tarcísio de Freitas; e a superação a Bolsonaro que propõe já nem mais finge considerar a hipótese de que Jair esteja nas urnas em 2026. Haveria somente duas possibilidades “viáveis”: Tarcísio ou Ratinho Júnior. “Nós precisamos de um candidato que unifique a direita e o centro” – respondeu o senador quando questionado sobre uma candidatura de Eduardo Bolsonaro à Presidência. Não será o deputado; cuja viabilidade dependeria de vencer “um caminho bem longo”. Ciro – subentendido fica – sabe que tampouco Eduardo estará elegível, já jurado por Xandão.

Combo Tarcísio, Caiado, Zema, Ratinho, Leite
Combo Tarcísio, Caiado, Zema, Ratinho, Leite

Desorganização – para qualificar o que está em curso – é elogio. Está em curso uma guerra. Jair com poder – e com perspectiva de poder – continha a turma. Sem Jair, o inelegível, há tiros para todos os lados. Disputa pelo controle de espólio eleitoral; com mais candidatos a liderar a direita do que a desafiar Lula competitivamente. Não haverá pacificação ali.

Em outras palavras: o cavalo selado com que sonha Tarcísio, prontinho para montaria segura, não passará, mesmo que reúna o centrão – que Ciro chama de “centro-direita” – e tenha o apoio de Bolsonaro. Terá a oposição da dissidência que Eduardo expressa; e teria de enfrentar a campanha – campanha dura, contra o incumbente – cavalgando no pelo ainda o ataque desmobilizador, em rede, do bolsonarismo eduardista.

Não que Eduardo tenha votos e liderança significativos. Ele detém os meios para minar o percurso de Tarcísio, “direita permitida”, “novo PSDB”, até aquele momento distante em que, afinal contra Lula, teria a chance de colher, por falta de outra opção, os votos antilulopetistas. Seria uma corrida massacrante, na ladeira, até alcançar esse lugar.

A ladeira, em síntese… Ciro, que é Tarcísio, classifica Eduardo como a representação da “extrema-direita”, a desunião encarnada. E essa “extrema-direita” – que se intitula representante do “sentimento antiestablishment”, do “sentimento do movimento nacional-populista”, do “sentimento do homem comum” – considera que a “centro-direita” de Ciro, que é Tarcísio, “quer “Bolsonaro refém” e “conchavo com o STF”. Assim vai, com a anistia por bandeira única, a direita brasileira. Tem que ter disposição.

 

 

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