Morar Melhor completa 10 anos e transforma a vida de mais de 60 mil famílias de Salvador

Foto: Valter Pontes / Secom PMS
Reportagem: Gilvan Santos / Secom PMS
Reformar a casa é o sonho de muitos soteropolitanos, mas a falta de recurso impede as melhorias nos imóveis, afetando diretamente a autoestima e a saúde dos moradores. Por isso, o programa Morar Melhor se tornou um sucesso nos bairros. Em outubro, essa política pública criada pela Prefeitura de Salvador completa 10 anos, com a marca de 60 mil famílias beneficiadas.
Nessa década em atuação, os serviços mais realizados foram a troca de telhado, realização de reboco, colocação de esquadrias, instalação de kit sanitário e pintura. Algumas outras ações foram a construção de escadas, de rampas de acesso e colocação de corrimão. Os problemas mais recorrentes encontrados pelas equipes são imóveis em áreas de risco, casas com problemas estruturais, infiltrações, mofos e residências sem banheiro.
O Morar Melhor é desenvolvido em toda a cidade, e as áreas mais contempladas foram o Subúrbio Ferroviário, Cabula, Tancredo Neves, Cajazeiras, Liberdade e São Caetano. O prefeito Bruno Reis destacou a importância dessa política pública.
“Estamos completando 10 anos de um programa fantástico que ao longo desse período mudou de verdade para melhor a vida de 60 mil pessoas em nossa cidade. Elas tiveram suas casas reformadas, puderam morar com dignidade e ter melhor qualidade de vida em todas as áreas. É uma política pública que permite melhores condições na saúde, que tem impactos na área social e traz conforto e segurança para os moradores”, afirmou.
Impactos – O programa tem três objetivos definidos: resgatar a cidadania e a autoestima da população residente nas áreas contempladas; prestar assistência técnica nas áreas de Arquitetura e Construção Civil; e oferecer moradia mais digna para as pessoas. O secretário de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Luiz Carlos de Souza, destacou os impactos do programa na saúde dos moradores.
“Tem muitas pessoas que têm alergia ou problemas respiratórios, e um lugar insalubre com mofo e infiltrações agrava essas doenças. Muitas delas não têm recursos, são aposentados ou dependem de algum programa social, e não têm perspectiva de melhoria na renda. O Morar Melhor consegue mudar esse quadro e fazer o que o morador não consegue, transformando a vida das pessoas”, afirmou.
O secretário frisou que a falta de infraestrutura adequada nos imóveis impacta também na autoestima e nas relações sociais. Envergonhados pelas condições precárias em que estão vivendo, muitos moradores deixam de receber visitas de amigos e parentes, o que provoca um distanciamento entre as famílias.
“Esse aniversário de 10 anos é motivo de alegria e de comemoração. Um projeto que começou sem que a gente tivesse tanta expectativa de que poderia se prolongar por tanto tempo e nem alcançar a quantidade que nós alcançamos. São 10 anos em que a gente vem transformando a vida das pessoas”, concluiu Luiz Carlos.
Critérios – A escolha das localidades que serão contempladas leva em consideração dados do IBGE sobre regiões da cidade com maior predominância de domicílios com alvenaria sem revestimento, de pessoas abaixo da linha de pobreza e de mulheres chefes de família. Não podem ser contemplados imóveis em situação de risco, casas de aluguel e famílias com renda superior a três salários-mínimos.
Entre os contemplados pelo Morar Melhor estão histórias como a de dona Zenilda Santos, de 84 anos, que mora há mais de 60 em São Gonçalo. Ela contou que, devido às más condições do imóvel, o telhado da residência havia desabado em cima da filha. “A Prefeitura veio e ajeitou minha casa toda. Agora está muito linda. Estou muito feliz, porque nunca imaginei que um dia eu teria uma casa como esta. Não é conversa fiada, não, é muita felicidade mesmo”, contou a idosa, emocionada.
Relato similar é compartilhado pela manicure Elísia de Jesus dos Santos, 31 anos, que mora em Brotas desde que nasceu. Ela é mãe de cinco filhos e ficou emocionada porque a reforma acabou com as goteiras do imóvel. “Antes, quando chovia, molhava dentro e fora de casa. Graças a Deus, mesmo com essa chuva toda que teve nos últimos dias, não molhou nada aqui dentro. A gente também não tinha porta em casa. Eu usava duas telhas para fechar a casa. A gente ganhou porta, quarto e tantas outras coisas”, contou sem conter as lágrimas.
O Morar Melhor é realizado em etapas. Primeiro, as equipes fazem a vistoria da área, depois o cadastro das casas e, em seguida, começam a execução da obra. A última fase é a inauguração. Durante a entrega de 100 casas reformadas, na Baixa de Quintas, a coordenadora do Morar Melhor, Cristiane Oliveira, destacou o caráter social do programa. Ela tem contato direto com as famílias.
“O alcance social do Morar Melhor é muito grande, porque além de tratar a casa, a gente identifica as famílias e suas vulnerabilidades, tanto sociais quanto econômicas, e dá o direcionamento que elas precisam para serem assistidas pelos benefícios sociais e outras políticas públicas. É um trabalho socioassistencial e de saúde”, afirmou.
São 17 servidores da Seinfra atuando no programa, além de quatro empresas executoras e equipes de cadastro. No total, são 430 trabalhadores. O Morar Melhor foi premiado, em 2017, com o Selo de Mérito Especial no Fórum Nacional de Habitação e Interesse Social, promovido pela Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos e pelo Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano.
O selo é conferido a projetos que apresentam resultados de boas práticas em habitação. A meta é alcançar mais 15 mil casas até 2028.