7 de outubro de 2025
Politica

Ala do União Brasil quer quarentena para Sabino ficar no governo até a COP-30, mas cúpula resiste

BRASÍLIA – A cúpula do União Brasil se reúne nesta quarta-feira, 8, com um script já definido: se não houver uma reviravolta de última hora, a tendência é a Executiva Nacional afastar desde já o ministro do Turismo, Celso Sabino, de todas as suas funções no partido, mas não expulsá-lo sumariamente por infidelidade.

Sabino decidiu ficar no governo Lula, contrariando determinação da Executiva para que entregasse o cargo. O imbróglio levou o União Brasil a uma nova crise. O processo de expulsão do ministro deve agora seguir o rito da Comissão de Ética da legenda para não haver contestação jurídica.

Uma ala da bancada do União Brasil vai propor, no entanto, que Sabino tenha um período de “quarentena”. Com isso, ele poderia permanecer no governo até o fim da Conferência do Clima (COP-30), marcada para novembro.

Lula e Sabino: aliança para 2026 na mesa.
Lula e Sabino: aliança para 2026 na mesa.

Deputado licenciado, Sabino é pré-candidato ao Senado em 2026, preside o diretório do União Brasil no Pará e quer o apoio de Lula para concorrer.

Na avaliação do ministro e de seus defensores na bancada da Câmara, a COP-30 é uma vitrine com potencial de render dividendos eleitorais e por isso ele não pode deixar agora da Esplanada dos Ministérios

Na outra ponta, porém, a cúpula do União Brasil insiste no discurso do afastamento do ministro, primeiro passo para sua expulsão em um prazo que pode levar até dois meses.

O ultimato da Executiva Nacional ocorreu após uma série de trombadas do União Brasil e do PP – dois partidos que formam uma federação – com o Palácio do Planalto.

A rota de colisão tem vários ingredientes. Vai desde a oposição da maioria do grupo a votações de interesse do Planalto – como a do projeto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – até suspeitas de dirigentes das legendas de que o governo estaria por trás do vazamento de denúncias contra os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

No mês passado, o comando do PP também determinou que seus filiados deixassem os postos no governo federal, o que não ocorreu até agora. O ministro do Esporte, André Fufuca (PP), disse que pretende continuar no cargo. Fufuca quer concorrer ao Senado pelo Maranhão em aliança com o PT.

Na prática, o movimento dos dois partidos tem o objetivo de indicar que o Centrão estará contra Lula na disputa presidencial de 2026. Nem nesse ponto, porém, há acordo.

A maior parte do grupo quer o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para lançar a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à sucessão de Lula. Tarcísio é o nome considerado mais forte pelo Centrão, mas ainda enfrenta resistência da família Bolsonaro.

Além disso, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), também afirma que será candidato ao Planalto e já se desentendeu publicamente com Ciro Nogueira por causa disso.

Caiado acha que Ciro se movimenta apenas com o objetivo se ser candidato a vice numa chapa encabeçada por Tarcísio – o que ele nega.

O governador de Goiás classifica como “ingenuidade” o argumento de que uma única candidatura da direita pode derrotar a máquina do governo federal. No diagnóstico de Caiado, a estratégia mais adequada é lançar vários nomes desse espectro político na corrida presidencial para impedir uma vitória de Lula no primeiro turno.

 

 

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