9 de outubro de 2025
Politica

As próximas eleições serão entre rumos opostos, mas não se trata de direita ou esquerda

De fato as eleições de 2026 estão assumindo contornos de encruzilhada, da qual literalmente se sai para um lado ou para o outro. Mas não é entre “direita” ou “esquerda”, entre projetos antagônicos.

As últimas semanas ofereceram lições de como corporativismo, privilégios de grupos e a volúpia pelo caminho fácil do assistencialismo são ecumênicos no Brasil. E como é muito mais fácil — entre outros exemplos — penalizar investimentos e atividade produtiva e salvar rentismo e apostas.

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em evento oficila na cidade de Luziânia
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em evento oficila na cidade de Luziânia

A “força” que o governo Lula julga estar recuperando vem desse quadro que já foi alguma vez chamado de nacional-desenvolvimentista. E que hoje se nutre fundamentalmente da ideia de que tocando o barco do mesmo jeito alguma coisa melhor vai acontecer lá na frente.

O grande espectro que se convencionou chamar de “oposição” não ostenta rumos claros e se vê desorientada, fracionada e dividida. E parece estar chegando, por erros próprios, a um dilema que a desorganização de lideranças poderia ter evitado: é a real possibilidade de que a insistência em salvar Bolsonaro faça a oposição se perder em si mesma.

Portanto, a encruzilhada que a eleição sugere é a escolha por mais do mesmo no qual tanto faz “direita” ou “esquerda” (além da cada vez menos suportável polarização) ou por algum tipo de convergência política que no mínimo leve em conta a magnitude da grande crise para a qual caminha o País — institucional e fiscal, agravada por demografia e produtividade estagnada.

Qualquer que seja a “força” do governo, não é a das ideias, sequer no campo do marketing político. Não é na renovação de quadros dirigentes, cujo principal símbolo (ou único) é um quase octogenário preso à volta de um passado que nunca existiu. Sem qualquer fórmula arrebatadora e caminhando para uma armadilha de contas públicas criada sobretudo por sua cegueira ideológica.

No outro braço da encruzilhada estão elites de vários segmentos convencidas de que nomes fazem programas e promovem ideias, e não o contrário. Excelentes na capacidade de desenvolver alguns nichos de alta produtividade, de inovação e integração internacional (especialmente a moderna agroindústria), mas até aqui sem sequer uma noção de “projeto nacional”, que pudesse ter como inspiração, por exemplo, até sua própria história de sucesso.

Uma encruzilhada desse tipo, exposta também pelo trauma trumpista, exige para ser enfrentada uma qualidade de lideranças (não só políticas) cuja ausência é no momento o grande drama nacional. A “força” de Lula é apenas o retrato disso.

 

 

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