Governo vai cortar emendas parlamentares e PT intensifica campanha de ricos contra pobres nas redes
BRASÍLIA – O governo Lula deve bloquear aproximadamente R$ 10 bilhões em emendas parlamentares para compensar o buraco na arrecadação que ocorrerá após a rejeição da Medida Provisória destinada a reforçar o caixa federal em 2026, ano de eleições.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), admitiu que, a partir de agora, o contingenciamento das emendas está nos planos da equipe econômica. “Haverá contingenciamento de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões só de emendas. Vamos buscar alternativas para manter a arrecadação, mas essa é uma consequência inevitável”, afirmou Randolfe.

A MP que propunha alternativas a um aumento maior do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) “caducava” nesta quarta-feira, 8, mas foi retirada de pauta em votação na Câmara, no início da noite. A derrota do Palácio do Planalto ficou evidente antes mesmo da apreciação da MP pelo plenário, quando o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e o Centrão anunciaram uma aliança “contra o aumento de impostos”.
Após o governo sofrer mais um revés, ministros do PT avaliaram, sob reserva, que o Planalto vai intensificar a disputa política, a exemplo do que ocorreu no mês passado, quando manifestações nas ruas obrigaram o Senado a enterrar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem.
Agora, o PT vai ampliar a campanha da “taxação BBB” e de ricos contra pobres nas redes sociais, ressuscitando o mote “Congresso inimigo do povo”. A mensagem é a de que “bilionários, bets e bancos” precisam pagar mais impostos para custear a isenção do Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil.
A propaganda que começa a ser exibida pelo PT nesta quinta-feira, 9, por exemplo, irá nesta linha. “Que País você quer? O que mantém privilégios para os super-ricos? Ou o que taxa quem é bilionário para zerar o imposto de quem ganha menos?”, questiona o partido de Lula na inserção comercial.
Na tentativa de aprovar a MP que aumentava a arrecadação federal, o governo chegou a abrir mão de elevar a tributação sobre as plataformas de apostas online, as chamadas bets. Não adiantou.
“A aliança do PL com o Centrão para defender a anistia (ao ex-presidente Jair Bolsonaro) e a PEC da Blindagem contou com a reação das ruas. Vocês estão novamente dando um tiro no pé”, disse na tribuna o deputado Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara, dirigindo-se aos colegas que rejeitaram a Medida Provisória. “Estão morrendo de medo do Lula e do desempenho do governo. O nome disso que os senhores fazem aqui é molecagem.”
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou, por sua vez, que “ameaças” do governo de bloquear emendas não vão funcionar. “Este governo está à deriva. Ameaçou tirar cargos, agora fala em cortar emendas, mas a verdade é que o Brasil não aumenta mais pagar impostos”, insistiu Sóstenes.