Lula reage com uma esperança de melhora futura na economia que ainda precisa ser notada no presente
Os dados da pesquisa Genial/Quaest, embora tenham registrado apenas oscilação na margem de erro, confirmaram o cenário de melhora da popularidade do governo Lula. De maio em diante, após atingir seus piores índices, a gestão petista recuperou o terreno perdido e chegou em outubro com os mais altos índices desde janeiro de 2025. Como tradicionalmente, a melhora tem muito a ver com as perspectivas econômicas do País. Mas os números indicam que ela está mais calcada hoje em uma expectativa de melhora futura do que em um cenário que já seja sentido no presente. Lula precisa, portanto, transformar essa expectativa no amanhã em percepção no hoje para que seus índices não desmoronem.

Depois de cair de março a julho, a impressão sobre os preços de alimentos voltou a oscilar para cima. Agora, chegou a 63%. Quando instados a comparar o poder de compra dos brasileiros hoje, 73% dos entrevistados dizem que ele está menor do que há um ano atrás (quase estável se considerados os 72% de setembro). São 59% os que acham que está mais difícil conseguir um emprego hoje do que há um ano, mesmo índice de setembro, contra 42% que acham mais fácil (eram 41%). Ou seja: mesmo com os índices oficiais indicando desemprego em baixa e inflação um pouco mais controlada do que antes, não houve melhora efetiva nos números captados pela pesquisa junto ao eleitor em nenhum desses dados.
Quando o brasileiro olha para a frente, porém, há mudança. São agora 43% os que acham que a economia vai melhorar, contra 35% que acham que vai piorar. Em setembro o placar era de 40% a 37%.
O debate sobre a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil tem papel importante nisso. São 79% dos brasileiros a favor da medida e só 17% contra. Hoje, 41% dos brasileiros acreditam que a medida trará uma melhora importante em suas finanças (eram 33%), enquanto 49% veem uma melhora pequena (eram 51%). Mesmo entre os bolsonaristas, o público mais refratário ao atual governo, esse índice dos que veem esperança de que isso possa fazer diferença cresceu. São 36% (eram 23%) os que apostam em uma melhora importante e 55% (antes, 62%) os que a veem como pequena.
Nos próximos meses, além de buscar trazer para o presente essa expectativa de melhora, o governo ainda terá o desafio de convencer o eleitor de que o País está na direção certa. São 56% os que acham que não está e só 36% os que pensam que sim. Sem isso, a lenta recuperação que conseguiu devolver os índices obtidos antes da crise do Pix pode se dissolver antes da eleição chegar. E Lula precisará de mais do que isso para vencer a disputa.
 
