Deputado quer convocar dono de bet na CPI do INSS para apurar elo entre apostas e desvios
BRASÍLIA – O deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) protocolou nesta quinta-feira, 9, um requerimento para convocar o empresário Ernildo Junior, dono da casa de apostas Pixbet, para prestar depoimento à CPI do INSS.
O parlamentar quer apurar o elo entre o “sistema de apostas” e o “núcleo jurídico-financeiro que deu sustentação ao desvio de recursos” dos aposentados.
O pedido é baseado na reportagem publicada pelo Estadão que mostrou a ligação entre o dono da Pixbet e personagens investigados no escândalo do INSS. Procurado por meio dos advogados, Ernildo não se manifestou.

Ernildo Junior foi diretor de uma empresa chamada XBank junto com Fernando Cavalcanti, alvo da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, por suspeita de lavar dinheiro no esquema do INSS.
O dono da Pixbet também é ligado a Nelson Wilians, outro alvo da investigação sobre descontos ilegais a aposentados. Além de advogado da casa de apostas e de Ernildo, Wilians cedia um helicóptero de cerca de R$ 20 milhões para Ernildo e atuou como “subscritor” da empresa dirigida por Ernildo Junior e Fernando Cavalcanti.
Para Kim Kataguiri, o depoimento de Ernildo Junior servirá para esclarecer o papel do XBank nas transações entre envolvidos com fraudes no INSS, a origem dos recursos utilizados pela fintech para um capital social de R$ 5 milhões e se a Pixbet serviu para lavagem de dinheiro e financiamento político.
“Ernildo Junior integra um elo decisivo entre o sistema de apostas, a rede empresarial de fachada (XBank) e o núcleo jurídico-financeiro que deu sustentação ao desvio de recursos do INSS. Sua convocação é essencial para o rastreamento da materialidade financeira do esquema, para a identificação dos canais de lavagem de dinheiro e para o cruzamento das provas obtidas nas operações da PF e nas quebras de sigilo já decretadas por esta CPMI”, justificou Kataguiri.
A Pixbet é alvo de pelo menos uma investigação da Polícia Federal, iniciada em 2022, na Paraíba. Em fevereiro, a Justiça autorizou a quebra de sigilo de 17 pessoas.
No inquérito em tramitação na Paraíba, a suspeita é de que Ernildo e pessoas próximas a ele tenham montado um esquema de comercialização de créditos de jogos online que eram recebidos no exterior em dólares, sem registro formal do câmbio.
A investigação aponta utilização de uma empresa em nome da irmã e do sobrinho de Ernildo Junior que seria usada para “suprimir o pagamento de tributos” da Pixbet, “mascarar os negócios jurídicos” e “criar embaraços à eventual cobranças de natureza trabalhista”.
Reportagem do Estadão publicada em janeiro mostrou que Ernildo Junior usou a força de sua casa de apostas para eleger um prefeito em Serra Branca, cidade do cariri paraibano. Michel Alexandre Marques (União), o Alexandre Pixbet, era presidente do time de futebol criado e patrocinado por Ernildo Junior.
Para ascender o amigo e dirigente de futebol na política, o dono da Pixbet se associou ao senador Efraim Filho (União -PB) e ao presidente nacional do partido, Antônio de Rueda.