12 de outubro de 2025
Politica

Comissão de Ética da Presidência pede que Infraero não trate de assuntos privados após pedido de Pix

A Comissão de Ética Pública da Presidência recomendou que a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) não faça eventos pessoais nas dependências da estatal ou use canais oficiais de comunicação para tratar de assuntos privados. A decisão vem após a Coluna do Estadão revelar que um e-mail da Presidência da Infraero pediu aos funcionários que pagassem pela festa de aniversário da mulher do presidente da empresa, Rogério Barzellay, dentro da própria estatal.

“Recomenda-se que não sejam utilizados os canais institucionais — em especial os meios de comunicação corporativa, como e-mails da Infraero — para tratar de assuntos de natureza privada”, afirmou o relator do caso, conselheiro Bruno Espiñeira, que não aplicou sanções no caso.

O conselheiro pediu também que a estatal não use “as dependências físicas da Infraero para eventos pessoais que não estejam relacionados à atuação institucional da empresa ou que envolvam pessoas alheias ao seu quadro funcional, resguardando a imagem da estatal e promovendo a confiança do público nos dirigentes da Infraero”.

A decisão, sigilosa, foi assinada em julho. Como mostrou o Estadão, nos dois primeiros anos do mandato do presidente Lula (PT), em 2023 e 2024, a Comissão de Ética da Presidência puniu cinco ministros do governo Bolsonaro e livrou 17 integrantes da gestão petista de censura ética, uma penalização válida por três anos e que funciona como uma “mancha” no currículo de agentes públicos.

Presidente da Infraero minimizou caso: ‘Evento de R$ 530’

O presidente da Infraero, Rogério Barzellay, admitiu ter sido um “erro” o envio de um e-mail da Presidência da estatal para pedir a funcionários que pagassem até R$ 50 pela festa de aniversário de sua mulher. Em entrevista à Coluna, Barzellay tentou minimizar o caso, alegando que a festa na empresa foi um “evento de R$ 530 com dois bolinhos, meia dúzia de doces e dois refrigerantes”. O dirigente disse que não teve nenhuma participação na mensagem, que atribuiu a duas secretárias da Presidência.

“Colegas, nossa querida Kênia, esposa do presidente, completará mais uma boda. Para comemorarmos essa data, convidamos todos para desfrutar de uma linda mesa de sobremesas com bolos, doces e frutas”, disse a mensagem, enviada da conta presidencia@infraero.gov.br para 44 funcionários da empresa pública.

O texto sugeriu quatro faixas de pagamento por Pix, de acordo com o cargo do empregado na empresa pública: de R$ 20 para assistentes até R$ 50 para diretores. “A contribuição pode ser feita diretamente na Presidência via Pix”, completou a mensagem, concluindo: “Contamos com a participação de todos”.

Para Barzellay, os valores sugeridos foram “aleatórios”. “Valores de R$ 30, R$ 40, R$ 50. Isso é um número aleatório. O diretor ganha mais do que o superintendente, então ele paga R$ 10 a mais. Agora, paga quem quer, porque teve diretor que não pagou”.

Infraero
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Barzellay também comentou o comunicado da estatal, enviado à reportagem, que apontou que a mulher do presidente “tem costume de ir à Infraero”. Segundo o dirigente, ela vai à empresa duas vezes por mês para ter o carro lavado por um flanelinha do estacionamento da Infraero.

“Ela vem lavar o carro dela, é um cara que lava o carro de todo mundo, não é da Infraero. E a gente paga pelo serviço, antes que vire confusão”.

 

 

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