Corpo artificial
Quase tudo na vida tem seus prós e contras — e com o avanço da tecnologia não é diferente. Tenho escrito sobre as mudanças — boas e nem tão boas — que ela vem provocando em nossas vidas. Essas transformações impressionam, mas também assustam. Um dos temas que mais causam preocupação é o futuro do trabalho. A pergunta que não quer calar, especialmente entre os mais jovens, é: quais são as profissões que resistirão aos avanços da tecnologia, especialmente da inteligência artificial?
Como leigo, me arrisco a compartilhar algumas reflexões. Parece óbvio que tarefas repetitivas e padronizadas — como digitação de dados, classificação de documentos, entre outras — estão mesmo condenadas. Também estão ameaçadas as atividades baseadas em regras claras e lógicas, com alta previsibilidade, como análise de crédito, decisões judiciais simples ou cálculos tributários. Por fim, correm risco também aquelas que exigem baixa interação humana ou emocional, isto é, quando não há necessidade de lidar com empatia, conflitos ou sutilezas interpessoais.
O tema é vasto e há muitos estudos e opiniões divergentes. Mas ninguém discute que estamos diante de um ponto de inflexão. A única certeza parece ser a mudança.
Entretanto, para a tranquilidade de alguns, acredito que há profissões que a inteligência artificial não vai conseguir substituir. Uma delas é a fisioterapia.
Por conta das vicissitudes da vida — como correr maratonas e outras peripécias — tornei-me um assíduo frequentador de clínicas de fisioterapia. Sou fã da especialidade. Nunca entendi pessoas que se recuperam de cirurgias ou lesões e não seguem o tratamento rigorosamente. Mais ainda: conheço gente que vive por anos — ou pela vida inteira — com dores ou problemas posturais que poderiam ser resolvidos, ou pelo menos atenuados, com a ajuda de um bom fisioterapeuta.
Claro que o tratamento nem sempre é simples. Muitas vezes exige esforço, repetição, paciência. Tem exercícios exaustivos, sessões de calor e gelo, choques elétricos e, claro, aquela pressão precisa no ponto exato onde mais dói. Eles sabem exatamente onde apertar — é impressionante. Costumo brincar com meus amigos fisioterapeutas que, em outras encarnações, certamente foram torturadores da Inquisição. Só isso explica tamanha precisão… e persistência!
Portanto, neste 13 de outubro, dia nacional do fisioterapeuta, trago uma boa notícia aos profissionais da área: a profissão de vocês está entre as que têm futuro garantido – a menos que, depois da inteligência artificial, surja algum maluco disposto a criar também o corpo artificial.