Gonet pede ao Supremo para reabrir inquérito sobre interferência de Bolsonaro na PF
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta quarta-feira, 15, para reabrir a investigação sobre a suspeita de interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal.
O procurador-geral da República Paulo Gonet defendeu, em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), a “necessidade de realização de diligências complementares para possibilitar um juízo adicional e mais abrangente sobre os fatos investigados”.
Gonet afirma que é preciso esclarecer se há conexão com outro inquérito, o da “Abin Paralela”, que investiga o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro.

O inquérito foi aberto em 2020, a partir de acusações do senador Sergio Moro, ex-ministro da Justiça, que deixou o governo Bolsonaro alegando que o então presidente tentou interferir no trabalho da PF.
A Polícia Federal concluiu a investigação em 2022. Na época, a PF descartou crimes de Bolsonaro. O procurador da República era Augusto Aras, que pediu o arquivamento do inquérito.
Em ofício ao STF, Gonet defende ser “imprescindível que se verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências” de Bolsonaro em investigações, “mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis”.
O procurador-geral pediu o retorno dos autos à Polícia Federal para que o delegado “realize o cotejo da presente investigação com os elementos existentes nas Petições n. 12.732 e 11.108, que possuem como objeto a investigação de organização criminosa responsável por ataques sistemáticos a autoridades, ao sistema eleitoral e a instituições públicas, por meio de obtenção clandestina de dados sensíveis, propagação de notícias falsas (fake news) e uso das estruturas da ABIN e do GSI”.