Bet 7K que patrocina o Santos é investigada em operação que prendeu Buzeira e ‘contador do PCC’
A casa de apostas esportivas 7K, patrocinadora do Santos Futebol Clube, é citada na investigação da Operação Narco Bet, que na última terça, 14, prendeu o influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira, e o contador Rodrigo de Paula Morgado, por suspeita de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).
O Grupo Ana Gaming, que representa a 7k, nega envolvimento com Buzeira. O Santos foi procurado, mas ainda não se manifestou.
O tricampeão da Libertadores e bicampeão mundial fechou em abril um contrato de patrocínio com a empresa.
O juiz federal Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5.ª Vara Federal de Santos, determinou o sequestro de bens do Grupo Ana Gaming até o limite de R$ 631 milhões.
Segundo a investigação, Rodrigo de Paula Morgado, apontado como contador do PCC, articulou o fluxo financeiro que resultou no pagamento de licenças para a casa de apostas operar.
Os investigadores identificaram transferências milionárias em criptomoedas, “às margens do sistema financeiro oficial”, envolvendo o contador, a Ana Gaming e Gustavo Afonso Ribeiro e Lacerda, conhecido como “Feio” e “Brabo”, que segundo a Polícia Federal é ligado à casa de apostas.
As transações foram descobertas a partir de um alerta do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O órgão notificou a PF sobre transações suspeitas de Rodrigo Morgado.
O contador é descrito como “possível operador logístico-financeiro de um amplo esquema de movimentação e lavagem de capitais” e consta como procurador e representante legal de diversas empresas sob suspeita.
“Rodrigo Morgado, direta ou indiretamente, estruturou e coordenou transações milionárias destinadas ao setor de apostas on-line, utilizando uma rede de empresas de fachada, intermediadores de pagamento e pessoas interpostas para mascarar a origem ilícita dos recursos”, aponta a PF com base no relatório financeiro do Coaf.
Segundo a PF, além das empresas intermediadoras, o contador usou o mercado de apostas on-line para “movimentar e ‘esquentar’ vultosos montantes de origem delituosa”.
“A conduta delineada no relatório aponta para um esquema transnacional altamente sofisticado, voltado à ocultação patrimonial e reintegração de recursos ilícitos no circuito econômico regular”, escreveu o delegado federal Raphael Soares Astini, Coordenação Geral de Repressão a Drogas, Armas e Facções Criminosas, ao pedir a prisão do contador.
A Polícia Federal investiga agora a origem do dinheiro movimentado. Os investigadores acreditam que parte dos recursos seja oriunda do tráfico internacional de drogas.
O contador já havia sido preso em outra investigação, a Operação Narco Vela, deflagrada em abril, depois de aparecer na cadeia de pagamentos da compra do veleiro Lobo IV, apreendido em fevereiro de 2023 pela Guarda Costeira americana com três toneladas de cocaína a bordo próximo ao continente africano.
O advogado Filipe Pires de Campos, que representa o contador, disse que ele nega categoricamente todas as acusações.
“Ressalta-se que ele possui milhares de documentos fiscais, contábeis e outros registros que comprovam o exercício regular e lícito de suas atividades profissionais, sem qualquer vínculo com o tráfico internacional de drogas“, diz a defesa (leia a íntegra da manifestação ao final da matéria).
A investigação também aponta que Morgado agia como “verdadeiro ‘banco particular’ de outros investigados”, entre eles o influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira – com cerca de 13 milhões de seguidores -, que também foi preso na terça.
O contador operava “transacionando vultosos em suas contas pessoais e de empresas sob seu controle, realizando ainda conversões em criptomoedas e promovendo repasses a terceiros, tudo a margem do sistema financeiro nacional”, de acordo com a Polícia Federal.
A defesa de Buzeira afirma que “não há, até o presente momento, qualquer elemento concreto que comprove envolvimento do influenciador em atividades ilícitas”.
A empresa Buzeira Digital recebeu R$ 19,7 milhões transferidos diretamente pelo contador, segundo a investigação.
Além disso, Morgado teria participado da companha de empresas, como a RR Participações e Intermediações de Negócios S/A, por R$ 5 milhões, para obter licenças de operação para as plataformas BRX.BET e RICO.BET, que de acordo com a PF são controladas pelo influenciador.
“Também foi identificado o envolvimento de ambos na constituição de novas empresas, como BRX Gaming, Bilibank, Vision Farma e Adega Roleta, com estruturação societária possivelmente voltada à ocultação de bens”, aponta a Polícia Federal.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO FILIPE PIRES DE CAMPOS, QUE REPRESENTA O CONTADOR RODRIGO MORGADO
A defesa de Rodrigo Morgado, informa que seu cliente foi apresentado à audiência de custódia, ocasião em que foi formulado pedido de prisão domiciliar, considerando a situação familiar delicada, uma vez que dois de seus filhos apresentam problemas de saúde, sendo o mais novo, de apenas dez meses de idade, portador de condição grave, tendo inclusive sido internado em UTI recentemente.
Paralelamente, a defesa já impetrou habeas corpus perante o Tribunal Regional Federal, buscando a imediata revogação da prisão preventiva.
O Sr. Rodrigo Morgado nega categoricamente todas as acusações que lhe foram imputadas. Ressalta-se que ele possui milhares de documentos fiscais, contábeis e outros registros que comprovam o exercício regular e lícito de suas atividades profissionais, sem qualquer vínculo com o tráfico internacional de drogas.
A defesa permanece confiante de que, com o avanço das investigações e a análise técnica do processo, a verdade será restabelecida e a inocência do Sr. Rodrigo Morgado reconhecida.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE BUZEIRA
A defesa do influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, vem a público esclarecer que ainda não teve acesso integral aos autos da Operação “Narco Bet”, deflagrada nesta terça-feira (14/10).
Neste momento, é prematuro qualquer julgamento ou ilação. Bruno é trabalhador, possui residência fixa, fonte de renda lícita e atua há anos de forma pública e transparente nas redes sociais, sendo reconhecido nacionalmente por sua atividade profissional como criador de conteúdo digital. A defesa confia no pleno esclarecimento dos fatos e na Justiça brasileira, reafirmando que não há, até o presente momento, qualquer elemento concreto que comprove envolvimento do influenciador em atividades ilícitas.
Reiteramos o pedido de respeito à presunção de inocência, ao devido processo legal e à imagem do investigado, evitando-se especulações e julgamentos precipitados.
Jonas Reis, advogado criminalista
