PF prende 3 em nova fase da Operação Mafiusi, a ‘Lava Jato do PCC’
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 16, a segunda fase da Operação Mafiusi, que investiga elos do Primeiro Comando da Capital (PCC) com as máfias italiana e albanesa. Três pessoas foram presas preventivamente.
Os policiais federais também fizeram buscas em 12 endereços em Curitiba, Maringá, São Paulo, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Ribeirão Pires, Peruíbe e Jardinópolis. Foram apreendidos carros de luxo, incluindo uma Ferrari, relógios, armas e dinheiro.
Novas pessoas físicas e jurídicas foram implicadas no inquérito a partir da análise do material apreendido na primeira fase, deflagrada em dezembro de 2024.

A Polícia Federal mira, nesta nova etapa, o núcleo financeiro do esquema. Segundo os investigadores, esse grupo é responsável pela contabilidade e lavagem do dinheiro do tráfico internacional de drogas. O principal alvo é um doleiro de São Paulo.
Os investigadores afirmam que há um esquema estruturado de movimentação de dinheiro em espécie, transações de câmbio paralelo (dólar-cabo), uso sistemático de fintechs e empresas de fachada para movimentar recursos do crime.
A PF apreendeu diversos documentos falsos que, de acordo com a investigação, foram usados para simular a origem do dinheiro, como notas fiscais frias de locação de veículos e máquinas.

O delegado Eduardo Verza, que coordena a operação, explicou que uma movimentação de recursos muito expressiva chamou a atenção.
“Constatamos uma maior amplitude de atuação, alguns integrantes já identificados e outros que vieram a ser identificados na análise do material apreendido. E uma movimentação de recursos muito intensa, expressiva, recursos em espécie, metodologias variadas”, informou o delegado.
A operação foi autorizada pela juíza Gabriela Hardt, da 23.ª Vara Federal de Curitiba, que decretou o bloqueio de R$ 13,8 milhões dos investigados.
Um dos endereços onde a PF fez buscas, em Peruíbe, no litoral Sul paulista, pertence a Rodrigo Bortolo Conti. O Estadão busca contato com a defesa.
Compra de clube de futebol
Com o avanço da Mafiusi, a Polícia Federal encontrou “fortes indícios” de que o dinheiro do tráfico foi usado na compra de um time de futebol pelo grupo do empresário Willian Barile Agati, o “Concierge do PCC”, apontado como chefe do esquema de tráfico de drogas via o porto de Paranaguá, no Paraná.
As suspeitas surgiram a partir de conversas obtidas pela PF. Os investigadores tiveram acesso a diálogos do Sky ECC, aplicativo de mensagens criptografadas.