Bolsonaristas avançam para enterrar núcleo do governo Lula de combate ao crime organizado
A Comissão de Segurança Pública da Câmara, dominada por bolsonaristas, aprovou nesta semana uma proposta que enterra o Núcleo Estratégico de Combate ao Crime Organizado, comitê do Ministério da Justiça criado para mapear e enfrentar facções criminosas. A aprovação, que demorou poucos segundos, aconteceu na última quarta-feira, 15. No último mês, operações policiais têm revelado o avanço do PCC em vários Estados, em diversos setores da economia.
A portaria do Ministério da Justiça, publicada no início do ano, inclui no colegiado os órgãos ligados à pasta, a exemplo da Polícia Federal, Secretaria Nacional de Segurança Pública e Secretaria Nacional sobre Drogas, por exemplo.
Entre os objetivos do núcleo estão “mapear e organizar informações sobre a atuação de organizações criminosas” e apoiar Estados e municípios na “execução de políticas públicas voltadas ao enfrentamento estratégico de organizações criminosas”.
Deputado citou ‘doutrina’ de Moro
O projeto de decreto legislativo foi apresentado pelo deputado bolsonarista Marcos Pollon (PL-MS). Ele argumenta que a portaria do Ministério da Justiça deveria ser mais ampla e contar também com outros entes, como Forças Armadas e Polícia Penal.
Pollon citou uma “doutrina” do senador Sergio Moro (União-PR), ex-juiz da Lava Jato, para defender que “apenas a colaboração interinstitucional poderá permitir a vitória no enfrentamento de facções criminosas”. O relator, o aliado Coronel Assis (União-MT), pediu a aprovação do texto, o que aconteceu em poucos segundos, em uma aprovação simbólica. Nessa modalidade, os parlamentares só precisam ficar em silêncio para votar a favor de uma proposta.
No dia seguinte, PF deflagrou fase da ‘Lava Jato do PCC’
Na última quinta-feira, 16, um dia após a votação, a PF deflagrou a segunda fase da Operação Mafiusi, conhecida como a “Lava Jato do PCC”. A corporação investiga os elos da facção com as máfias italiana e albanesa. Três pessoas foram presas preventivamente.
Já no mês passado, a Operação Carbono Oculto mostrou que o PCC usava refinarias, postos de combustíveis, hotéis, motéis e um terminal portuário em diversos Estados para lavar dinheiro. Fintechs também foram usadas no esquema criminoso, o que levou a PF a cumprir mandados na Avenida Faria Lima.
