Relator da CPI aponta família que recebeu R$ 20 milhões do Sindnapi e advogada diz que não é ladra
BRASÍLIA – O deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator CPI do INSS, apresentou nesta segunda-feira, 20, relação de pagamentos feitos pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) a uma mesma família. Segundo dados do relator, parentes de ex-presidente do sindicato receberam R$ 20 milhões num período de cinco anos.
Os dados foram apresentados durante depoimento da advogada Tonia Galleti, ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) e coordenadora do Sindnapi. Galleti é filha do ex-presidente do sindicato João Batista Inocentini e reagiu com irritação.
Gaspar apresentou um infográfico em que mostra que o marido dela, Carlos Afonso Galleti recebeu R$ 11 milhões do Sindnapi por meio de um escritório que tem em parceria com a mulher pela empresa Gestora Eficiente Ltda. Além disso, a prima e o cunhado de Tônia receberam mais R$ 11 milhões juntos.

“Do escritório, para receber esses R$ 3 milhões e pouco que o senhor falou, foram mais de 17 mil processos cuidados pelo escritório. Existe trabalho. O advogado trabalha e recebe”, afirmou.
Ela prosseguiu com as reclamações com a condução do relator, mas admitiu que pode ter havido “uma certa imoralidade” em ter tantos familiares ligados ao Sindnapi.
“Se minha prima recebeu isso aí, não tenho a menor responsabilidade sobre isso, nem sabia. Eu fico até brava, porque ela era minha funcionária. Como ela recebeu mais do que eu?”, questionou. “Fico muito indignada quando querem jogar sobre mim a pecha de que eu sou safada, ladra, não trabalhei. Eu não vou admitir. Eu vou até as últimas consequências para provar.”
“Quem colocou a senhora no epicentro do problema se chama Polícia Federal”, respondeu Gaspar.

Galetti foi uma das primeiras pessoas a denunciar o esquema fraudulento de descontos não autorizados em aposentadorias a membros da alta cúpula do INSS e do ministério da Previdência. O alerta foi feito em uma reunião do CNPS, em junho de 2023.
“Estávamos tendo conhecimento de diversas entidades atuando de forma inadequada e que era importante que isso fosse tratado em sede do conselho e era necessário fornecer aos conselheiros documentos que mostrasse a curva de crescimento”, afirmou.
Durante a oitiva, ela disse que algumas medidas foram tomadas pelo INSS após ela ter feito o alerta, em 2023.
“Eles abriram – ou pelo menos disseram abrir – procedimento para investigar entidades, disseram que mandaram ofício para a PF informar algumas coisas”, afirmou.
À CPI do INSS, Galleti também disse que fez outros alertas desde 2019. Ela disse não se recordar de todas as pessoas a quem fez esse aviso, mas se lembrou de ter falado com José Carlos Oliveira, que acabou virando ministro da Previdência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A relação dela com o ex-ministro da pasta Carlos Lupi também foi tema da oitiva, em razão de depoimentos divergentes de Lupi. Em abril, ele tinha dito em uma audiência na Câmara, que ele era amigo dela – à CPI, em setembro, negou a amizade.
Galleti disse que não é amiga de Lupi, mas afirmou que ele é “uma ótima pessoa”.