23 de outubro de 2025
Politica

Fim da Linha: Operação mira viúva de chefe do PCC e lavagem de dinheiro do tráfico em brinquedos

A viúva de um dos principais traficantes de droga das história do Primeiro Comando da Capital é o principal alvo de uma nova operação do Ministério Público de São Paulo. As buscas são um desdobramento da Operação Fim da Linha, que investiga a captura pela facção de parte do transporte público de São Paulo e a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.

Cláudio Marcos de Almeida, o Django, apontado como um dos principais traficantes da facção, foi assassinado durante a vingança patrocinada pelo PCC em razão da morte de Santa Fausta
Cláudio Marcos de Almeida, o Django, apontado como um dos principais traficantes da facção, foi assassinado durante a vingança patrocinada pelo PCC em razão da morte de Santa Fausta

Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram seis mandados de busca e apreensão em São Paulo, Guarulhos, Mogi das Cruz e Santo André, na Grande São Paulo. E obtiveram o sequestro de R$ 4,5 milhões em bens.

As ações atingiram a empresária Natalia Stefani Vitoria, viúva de Cláudio Marcos de Almeida, o Django, e a irmã dela, a também empresária Priscila Carolina Vitoria Rodrigues. Para os promotores, as acusadas participariam do esquema de lavagem de dinheiro de Django, um traficante de drogas atuaria em parceria com outro importante líder da PCC: Silvio Luiz Ferreira, o Cebola. A reportagem não conseguiu localizar a defesa das duas. O espaço segue aberto.

Cebola e Django eram apontados como acionistas da UPBus, uma das empresas de ônibus que a facção usaria para lavar seu dinheiro. A empresa operava nos terminais de ônibus da Cidade Tiradentes e de Itaquera, ambos na zona leste, uma frota de 138 ônibus. Após a operação, a Prefeitura rompeu com o contrato com a UPBus. “Sílvio (Cebola) se apresentava como Rodrigo Augusto Lima e, por ser foragido da Justiça, ocupava a função de sintonia final do progresso, no setor ‘laboratório de drogas’”, escreveram os promotores. Cebola está foragido desde 2014.

Garagem da UPBus durante a ação da Receita e do Gaeco na Operação Fim da Linha; advogado diz que empresa vai provar origem de recursos
Garagem da UPBus durante a ação da Receita e do Gaeco na Operação Fim da Linha; advogado diz que empresa vai provar origem de recursos

Já Django foi assassinado em na esteira de crime do PCC para vingar a morte do também traficante de drogas Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta. A cúpula da facção ordenou as mortes de Django após julgá-lo em tribunal do crime. Ele foi obrigado a se enforcar em 27 de janeiro de 2022 sob o viaduto da Vila Matilde, na zona leste.

de acordo com os promotores, desde 2012, Django controlava cerca de 50% da cocaína exportada pelo PCC para fora do Brasil. Um ano depois, ele esteve entre os 175 denunciados por compor o PCC. Ele teria usado Priscila, sua cunhada, para adquirir quatro quotas da UPBus, no valor de R$ 494,4 mil.

De acordo com o Gaeco, ela e a mulher do e Django – Natalia usavam ainda empresas do “ramo de brinquedos infantis para lavar capitais”. “Segundo a Receita Federal, a própria distribuição de dividendos e lucros não é real, indicando, portanto, se tratar de artifício para a lavagem de capitais”, afirmaram os promotores.

As lojas das empresas ficavam em quatro shoppings na Grande São Paulo, uma na zona norte e outra na zona leste da capital, uma terceira em Guarulhos e a última no ABC – só a franquia de uma das lojas custaria R$ 300 mil. Nas constas das empresas o Conselho de Controle das Atividades Econômicas (Coaf) encontrou centenas de depósitos feitos em caixas eletrônicos com valor inferior a R$ 10 mil.

“Priscila, por exemplo, embora não possuísse atividade remunerada declarada, teve créditos superiores a R$ 9.000.000,00 (nove milhões de reais) entre julho de 2017 e março de 2024, sendo que R$ 379.388,45 (trezentos e setenta e nove mil, trezentos e oitenta e oito reais) referem-se a depósitos em espécie não identificáveis”, afirmaram os promotores.

Já no caso de Natália, o Gaeco afirmou que “dos créditos recebidos no período acima mencionado, “do total depositado em espécie, 156 depósitos apresentam características de burla na identificação do depositante, totalizando R$ 232.380,00”. Além disso, elas usariam carros, casas e pagam despesas de uma “casa de veraneio em nome de terceiros”, o que seria mais um indício de lavagem de dinheiro.

Por isso tudo, os promotores pediram o bloqueio de R$ 4,3 milhões em bens das acusadas, além do sequestro de veículos. Os promotores ainda pediram fossem impostas às investigadas a obrigação de comparecer em juízo mensalmente, a proibição de se ausentarem da Comarca em que residem, e o recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga. Mas isso foi negado pela Justiça.

 

 

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