Bastidores: O que empresários brasileiros e banqueiros ouviram de Milei às vésperas da eleição
A dois dias do segundo turno das eleições, o presidente da Argentina, Javier Milei, participou de um encontro com empresários e banqueiros, acalmando o mercado com promessas de reformas e estabilidade. Entre os convidados, muitos brasileiros que aguardavam os recados sobre a economia do País vizinho e, também, as entrelinhas políticas que possam ajudar a ampliar o debate para a corrida eleitoral de 2026 no Brasil.
O evento foi promovido pela JP Morgan. A presença de Milei surpreendeu muitos dos presentes, pois não constava na agenda publicizada, segundo relatos feitos à Coluna do Estadão.
Durante pouco mais de 30 minutos, o presidente traçou um panorama de como recebeu a Argentina e como vem ajustando as contas do País, além de não poupar críticas à esquerda. Foi aplaudido e também arrancou risos com suas declarações mais ácidas.
A despeito da derrota sofrida no início de outubro, quando seu partido teve desempenho bem abaixo das expectativas nas eleições provinciais, ficando atrás da oposição peronista de esquerda por quase 14 pontos porcentuais. Javier Milei demonstrou-se totalmente confiante na vitória de seu grupo político no Congresso. E foi o que aconteceu nesse domingo, 26. Ele obteve uma vitória esmagadora na Câmara e no Senado.
O partido A Liberdade Avança (LLA), ligado ao presidente argentino, conquistou 40% dos votos contra 31,6% do peronismo, principal opositor do governo no Congresso. O resultado garantiu à gestão de Milei 64 assentos na Câmara dos Deputados contra 46 da oposição. No Senado, o LLA somou 13 novos nomes, enquanto o peronismo 9.
Já trabalhando com esse cenário, Milei afirmou aos investidores que agora terá mais facilidade para aprovar três reformas prioritárias: do código penal, a trabalhista e a econômica.
“Sabemos que o Congresso dos próximos dois anos será muito mais reformista do que o Congresso destes últimos dois,” afirmou Milei, reforçando que a composição do novo parlamento permitirá ao governo obter maioria de maneira mais simples. “Pensem que quando começamos, com 10% dos Senadores e com 15% dos Deputados, mesmo assim fizemos reformas estruturais. Imaginem tudo o que faremos com um Congresso muito melhor”, ressaltou.
Segundo Milei, a Argentina encerrou uma era de “destruição do futuro” em troca de ganhos políticos imediatos. “Hoje, não há mais ‘bolo para repartir’ porque os inadaptados de sempre comeram tudo. Em suma, hoje é o momento de crescer, é o momento de gerar riqueza,” declarou.
Ele avaliou que muitos atores do sistema político “compartilham esta visão e estão dispostos a dialogar” para viabilizar as reformas estruturais. Foi aplaudido ao dizer ter ódio dos impostos.
Milei prometeu abertura de mercados, destacou o diálogo com o presidente dos Estados Unidos,Donald Trump, e ressaltou a importância da segurança jurídica, essencial para atrair investimentos. Também disse que avançará na redução da carga tributária.
“Baixamos os impostos em 2,5 pontos do PIB…. Vamos buscar eliminar cerca de 20 impostos que prejudicam a economia argentina sem ter impacto arrecadatório”.

Efeito Milei: vitória nas eleições legislativas faz títulos subirem e ações dispararem até 40%
A empolgação dos representantes de setores econômicos que tiveram encontro com Milei às vésperas da eleição foi ratificada nesta segunda-feira, 27, pelo mercado financeiro.
A vitória da ala de Milei no Legislativo trouxe bom humor para os mercados financeiros. Logo na abertura das suas negociações, o S&P Merval, principal índice acionário da bolsa do país, dispara 20,26%. As ações das companhias argentinas listadas em Nova York, nos Estados Unidos, também acompanharam os ganhos e sobem mais de 40% nesta manhã.
Com essa perspectiva no radar, as ações da petroleira argentina YPF sobem 25,32% em Nova York. No Brasil, os BRDs (título emitido no Brasil que representa uma ação de companhia aberta sediada no exterior) disparam 33,65%. O mesmo acontece com as ações do banco Supervielle.
