28 de outubro de 2025
Politica

Filha de desembargador era ‘intermediadora’ de suposto esquema de venda de sentenças, diz MPF

A advogada Lia Rachel Pereira, filha do desembargador José James Gomes Pereira, do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI), ordenava decisões favoráveis no gabinete do pai a um grupo de empresários e era a “intermediadora” de um suposto esquema de venda de sentenças em processos agrários. Os dados constam da investigação do Ministério Público Federal (MPF), que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e foi obtida pela Coluna do Estadão. Procurada, a advogada Lia Rachel Pereira não respondeu. O espaço está aberto a eventuais manifestações.

“Lia Pereira atuava como intermediadora e figura central no esquema criminoso, fazendo as vezes do desembargador em orientações para seus assessores sobre as decisões que deviam favorecer empresários concertados (combinados)”, afirmou a Procuradoria.

Como mostrou a Coluna, a Polícia Federal pediu a prisão preventiva do desembargador José James Gomes Pereira por suposto recebimento de propina de empresários para vender sentenças na Corte em processos de disputa de terras. O pedido foi negado pelo ministro Sebastião Reis Júnior, do STJ, que no início do mês afastou o desembargador do cargo por um ano.

A filha do magistrado foi alvo de mandados de busca e apreensão da PF em 2 de outubro, tanto em sua casa quanto em seu escritório em Teresina (PI). Segundo o MPF, ela e o pai são os dois integrantes do “núcleo um” do suposto grupo criminoso.

José James Gomes Pereira, desembargador do TJPI afastado pelo STJ
José James Gomes Pereira, desembargador do TJPI afastado pelo STJ

Investigação começou com suspeita de fraude processual

A descoberta de um suposto esquema de venda de decisões judiciais no gabinete do desembargador José James Gomes Pereira começou com suspeitas de invasão de computador e de fraude processual. Foi um ex-assessor do magistrado que indicou crimes mais graves no caso, como corrupção e organização criminosa.

De acordo com os depoimentos do ex-assessor, citados pelo MPF, ele tinha reuniões semanais com a filha do desembargador. Nesses encontros, era orientado “sobre andamentos processuais, quais casos priorizar e para qual parte conceder decisão favorável”.

O ex-funcionário do TJPI reconheceu a caligrafia da filha do desembargador em manuscritos com comandos como “ser favorável ao agravante (recorrente)” e “deixar parado”.

 

 

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