29 de outubro de 2025
Politica

Gleisi apresenta nova linha de Corte ao Centrão: cargos só para quem votar com o governo Lula

BRASÍLIA – A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, aproveitou os dias em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve fora do Brasil para avançar no rearranjo da base de apoio ao governo no Congresso. Nos encontros que teve com lideranças do Centrão, a ministra apresentou a nova “linha de corte” estabelecida por Lula: para ocupar cargos no governo, será preciso votar junto com o governo.

Gleisi reuniu-se três vezes com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), cada uma delas com representantes de diferentes partidos do Centrão: Republicanos, União Brasil e PP. Como mostrou o Estadão/Broadcast, o PP indicou à ministra que há um entendimento interno no partido para que André Fufuca seja mantido no Ministério do Esporte sem novas pressões para sua saída, desde que os cargos “no varejo” indicados pelos deputados sejam mantidos.

Deputados agora terão que acompanhar o governo em votações se quiserem manter cargos de indicados na Esplanada
Deputados agora terão que acompanhar o governo em votações se quiserem manter cargos de indicados na Esplanada

Fontes ouvidas pela reportagem dizem que o governo analisará, caso a caso, as indicações que serão feitas – ou até refeitas – pelos congressistas, desde que haja compromisso com o apoio ao Planalto.

Apesar de o estopim ter sido a derrota do governo em relação à Medida Provisória (MP) 1.303/2025, que continha medidas de arrecadação tributária e de corte de gastos, o Estadão/Broadcast apurou que essa não deve ser a única “linha de corte”. O governo avaliará, caso a caso, a fidelidade dos congressistas às pautas do Planalto. Isso porque muitos congressistas com alta taxa de governismo – ou seja, que votam seguindo a orientação do Executivo – votaram para derrubar a MP e acabaram punidos.

O líder do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA), por exemplo, foi penalizado. Sua irmã Lena Brandão Fernandes foi demitida da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Maranhão depois de ele votar a favor da derrubada da MP. O deputado, porém, costuma acompanhar o Planalto em suas decisões. Ele conversou com Gleisi na semana passada, segundo fontes ouvidas pela reportagem, e foi informado pela ministra sobre as regras impostas pelo governo Lula a partir de agora para as indicações políticas.

Nesta semana, Gleisi pretende se reunir com integrantes do PSD e do MDB, outras duas legendas que, de forma menos enfática, colaboraram para barrar a medida provisória que continha aumento de arrecadação e corte de gastos. O mesmo quadro deve ser apresentado pela ministra aos congressistas.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o governo busca conceder vantagens ao PSD e ao MDB ante outros partidos que integram o Centrão. O diagnóstico do Planalto é que as duas siglas são mais próximas do governo, com mais votos dados a propostas estratégicas do Executivo no Planalto. As legendas também são as que possuem caminho mais aberto para a formação de alianças em 2026.

Gleisi foi incumbida pelo presidente Lula de fazer o papel de “carrasco” após a derrota na MP sofrida pelo Palácio do Planalto no início de outubro. A ministra mandou que os indicados dos deputados que votaram contra o governo fossem demitidos para dar o recado da cobrança que viria a partir de agora em relação à fidelidade com o Executivo.

Segundo fontes próximas à equipe de articulação, o governo preferiu fazer acordos com os partidos do Centrão a retirá-los da base, por entender que as siglas não são unânimes na oposição ao governo. O Planalto entende que as legendas possuem alas pró-Lula, sobretudo no Nordeste, que podem ser úteis para a aprovação de propostas estratégicas e na formação de alianças para a reeleição do petista.

Essa reorganização ocorre no momento em que o Planalto se recompõe para tentar aprovar, de maneira alternativa, as medidas de aumento de arrecadação e de corte de gastos. Nesta semana, a previsão é que a Câmara dos Deputados analise um projeto relatado pelo ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil-MA) com a inclusão das propostas de contenção de despesas.

 

 

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