Operação no Rio põe debate do ‘narcoterroismo’ nas eleições 2026 e é bomba no colo de Lula
“Não é mais crime comum, é narcoterrorismo”, resumiu o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), ao falar sobre traficantes terem usado bombas por meio de drones, nesta terça-feira, 28, numa reação à megaoperação policial para tentar prender integrantes do Comando Vermelho (CV).
Pelo menos 64 pessoas morreram. O Rio viveu mais um dia de terror com imagens compatíveis com cenários de guerra. Moradores reclamaram estar numa “cidade sitiada”.
O episódio obriga que a segurança pública esteja entre os debates centrais das eleições de 2026. E a pauta cai como bomba no colo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente após sua infeliz declaração dizendo que “traficantes são vítimas dos usuários”.
Ciente de que o tema é uma fragilidade da atual gestão, o governo Lula convocou uma reunião de emergência no Planalto, sob comando do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e escalou seu time para defender em público a urgência da votação da PEC da Segurança Pública. Além disso, partiu para o ataque ao governador do Rio, que é do PL, mesmo partido de Bolsonaro.
“O governador Cláudio Castro tem uma postura vergonhosa e tem que vir à público explicar porque se posiciona contra a PEC da Segurança, que dá força a ações de inteligência e de integração dos diferentes órgãos de segurança da União, Estados e municípios”, cobrou o líder do PT, Lindbergh Farias.
Apesar da indagação, à qual os governadores respondem alegando que a proposta tira poder dos estados na segurança, fato é que o governo Lula perdeu o debate público nessa área desde o início de sua gestão. Prometeu apresentar um super plano para o setor em 2023, ainda sob o comando do então ministro da Justiça Flávio Dino, enfrentou críticas internas e demorou para se entender sobre o texto da PEC da Segurança.
Mas, a despeito de todos esses problemas, a oposição sabe que é a retórica da esquerda que mais pesa negativamente contra Lula.
“O governador Cláudio Castro insiste em um modelo falido, que ao invés de privilegiar inteligência e integração, prefere operações de guerra, utilizadas há décadas no Rio de Janeiro, sem nenhum resultado concreto, exceto o derramamento de sangue de civis e policiais”, afirmou Lindbergh. A operação desta terça-feira já é a mais letal do Estado do Rio.
Integrantes da cúpula do PL, partido de Castro e de Jair Bolsonaro, entretanto, afirmam que a ação tem apoio da maioria da população e ressaltam que as pesquisas internas apontam a concordância com esse tipo de medida.
Como resumiu Rafael Alcadipani, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da FGV-Escola de Administração de Empresas de São Paulo “os resultados da megaoperação escancaram o quanto o Brasil naturalizou o absurdo”.

 
 

 
			 
							