1 de novembro de 2025
Politica

Boulos: ‘Lula sabe que cabeça do crime organizado muitas vezes está na Faria Lima, e não na favela’

BRASÍLIA – O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou nesta quarta-feira, 29, durante a cerimônia de posse no cargo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabe que “a cabeça do crime organizado” está, muitas vezes, na “lavagem de dinheiro da Faria Lima” e não “no barraco de uma favela”.

“Orgulho de fazer parte do governo do presidente que sabe que a cabeça do crime organizado deste País não está no barraco de uma favela. Muitas vezes, está na lavagem de dinheiro da Faria Lima”, afirmou o novo ministro da Secretaria-Geral.

A declaração de Boulos ocorre um dia após a operação no Rio que deixou ao menos 119 mortos, segundo o governo fluminense, nos complexos da Penha e do Alemão. Sobre a Faria Lima, ele fez referência à Operação Carbono Oculto, deflagrada no final de agosto pela Receita Federal e órgãos parceiros que mirou fintechs e postos de combustíveis ligados a um sistema de fraudes que alimenta o crime organizado.

O presidente Lula entre Guilherme Boulos, nomeado ministro, e Márcio Macêdo, exonerado do cargo
O presidente Lula entre Guilherme Boulos, nomeado ministro, e Márcio Macêdo, exonerado do cargo

Antes de iniciar o discurso, Boulos pediu que todos os participantes da cerimônia fizessem um minuto de silêncio para todas as vítimas da megaoperação no Rio, entre suspeitos, policiais e moradores das comunidades.

Boulos, deputado federal eleito pelo PSOL de São Paulo, substitui Márcio Macêdo no ministério. A cerimônia de posse de Boulos foi marcada pela presença de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Essa foi a primeira cerimônia que Lula participou desde que chegou da Ásia – ele viajou para a Indonésia e a Malásia. Pela manhã, Lula convocou uma reunião de emergência para tratar sobre a megaoperação no Rio.

Boulos foi anunciado ministro no último dia 20 de outubro, após meses de especulações sobre a mudança na Secretaria-Geral. Após o assunto esfriar de junho a setembro, voltou a ganhar tração com aliados do presidente relatando que ele havia voltado a se queixar de Macêdo.

O agora ministro se aproximou de Lula durante a eleição municipal de São Paulo, quando perdeu o segundo turno para o prefeito Ricardo Nunes (MDB). A entrada de Boulos no governo mira as eleições de 2026 e a aproximação do petista aos movimentos sociais e ao público jovem.

A mudança representa mais um passo na direção de uma guinada do governo à esquerda, após o rompimento de uma parte do Centrão com a administração petista. A tarefa dele será reaproximar o Planalto de setores da sociedade que têm se afastado do PT e da militância.

O cargo tem como função principal a articulação junto a movimentos sociais. Também são atribuições da Secretaria-Geral, que tem status de ministério: coordenar políticas voltadas à participação social na política; debater com a sociedade civil iniciativas de plebiscitos e referendos; e incentivar e implementar políticas de consulta pública para incentivar a participação popular.

Essa é a 13ª troca do governo Lula. A última troca promovida pelo presidente foi no início de maio, quando Lula trocou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, alvo de denúncias formais de assédio moral e xenofobia. No seu lugar, entrou Márcia Lopes.

Na cerimônia no Palácio do Planalto, Márcio Macêdo agradeceu ao presidente Lula e se colocou à disposição do PT para disputar as eleições de 2026.

“Saio para me colocar à disposição do povo sergipano, no desafio democrático de 2026. Estou pronto para estar ao lado de Lula no processo que se avizinha, porque tudo isso é possível graças a ele”, disse.

Macêdo também afirmou que entregou uma transição transparente. No balanço do tempo que comandou a Secretaria-Geral, ele disse que trabalhou, desde o início da gestão, para que a participação social seja a “espinha dorsal da questão climática”. Outro ponto citado foi a atuação durante a tragédia climática no Rio Grande do Sul.

Macêdo disse ainda que a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, o auxiliou em “trincheiras”, citando a presença dela na Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, no G-20 Social, e como enviada especial das mulheres na COP-30.

“A liderança de Janja e o papel político são fundamentais para a sociedade brasileira, mas, sobretudo, uma referência para tantas meninas e adolescentes que podem entrar para a vida pública por tantos bons exemplos como o dela”, afirmou Macêdo.

 

 

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