Brasília propõe dois caminhos para o caos no Rio: bater palmas para bandidos mortos ou mexer na lei
Protegidas por mais de mil quilômetros de distância entre o Planalto Central e o Complexo do Alemão, as autoridades em Brasília reagiram à matança em série no Rio de Janeiro segundo o figuro previsto. No plenário da Câmara, um representante do bolsonarismo tentou puxar palmas para o bandidos mortos. No Palácio do Planalto, reuniões para traçar um plano tardio de ação.

Os corpos enfileirados são, para o governo do Rio, a exposição pública do êxito de uma ação policial. Já para quem se acostumou a desconfiar de operações de resultado aparentemente fácil, a falta de detalhes sobre as circunstâncias das mortes suspende o julgamento sobre o caso.
Houve conflito armado ou execução? A resposta ainda vai tardar. Seja qual for, não resolve a crise de segurança pública que inunda não só o Rio, mas também São Paulo e as grandes cidades, onde se convive com o crime organizado logo ali na esquina.
As siglas CV e PCC são parte da vida do Rio e de São Paulo. Essas organizações se espalharam pelo País e não houve até aqui uma ação do Estado que conseguisse sufocar os dois grupos.
Em Brasília, as ideias geradas sob ar condicionado também não convenceram a sociedade. Já acreditou-se que mudar o nome do Ministério da Justiça para incluir também Segurança Pública na placa da fachada e nos documentos contribuiria. Efeito prático nenhum.
O atual governo tem uma PEC escrita e em tramitação no Congresso. Nas manifestações públicas, o presidente e seus ministros repetiram que era preciso aprovar esse texto como ponto de partida para combater o crime organizado. Resvalam no arriscado discurso de que mudar a Constituição é a panaceia para resolver os males que nos afligem.
A oposição também flerta com ideias para mudar as leis, sempre na direção de majorar uma ou outra pena. As duas receitas soam como remédio de validade vencida.
