Operação no Rio reorganiza direita para 2026 e consegue tirar foco de Bolsonaro
A megaoperação policial que deixou pelo menos 121 mortos no Rio de Janeiro teve um efeito político imediato para a direita rumo a 2026. Diante do episódio, esse grupo começou a se reorganizar e voltou a ter discurso: a “tolerância zero” com o narcotráfico.
A reunião dos governadores com o fluminense Cláudio Castro (PL), nesta quinta-feira, 30, trouxe esse novo retrato e tem potencial para, finalmente, os opositores ao governo Lula conseguirem definir quem será seu presidenciável no ano que vem.
Ao longo dos últimos meses, a direita gastou praticamente toda sua energia com a tentativa de salvar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da prisão. Não teve sucesso na empreitada e ainda impediu uma discussão interna cartesiana sobre o candidato ideal.
Agora há chances de a pauta mudar. O que é motivo de preocupação para o Planalto e vai exigir ainda mais trabalho dos marqueteiros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT.
Castro recebeu apoio público de governadores da direita após a operação policial mais letal da história do Rio. Conseguiu no grupo disposição para integrar estratégias de combate ao crime organizado e fortalecimento da cooperação entre os estados. Anunciou a criação do “consórcio da paz”. E o governador de Goiás,
Participaram do encontro os governadores Jorginho Mello (PL-SC), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Eduardo Riedel (Progressistas-MS), além da vice-governadora Celina Leão (Progressistas-DF).
O embate centrado na defesa envolvidos nos atos golpistas favorecia Lula, que vem recuperando popularidade. A mais recente pesquisa PoderData divulgada em outubro, por exemplo, mostrou que 64% dos brasileiros são contra a anistia. Mas o debate da segurança pública tende a ser negativo para a esquerda. A equipe do petista fez vários monitoramento nas redes nas últimas 48 horas. A maioria mostrou apoio às ações do governador Cláudio Castro.
O governo Lula quer mais detalhes sobre a percepção popular em torno do que ocorreu no Rio para ajustar o discurso do presidente na pauta da segurança. Encomendou pesquisa com foco em duas perguntas: se a operação no Rio de Janeiro foi certa ou errada e sobre quem são os responsáveis.
Os dados serão recebidos e analisados na próxima semana. Até lá, a ordem é ainda de mais cautela nas declarações de Lula, especialmente depois da sua desastrada frase “os traficantes são vítimas dos usuários”.
Não foi à toa que o presidente demorou a se manifestar sobre a operação no Rio, e sua primeira declaração foi escrita e nas redes sociais.
Na postagem, Lula evitou falar em matança ou abordar o discurso da esquerda sobre ser possível combater o tráfico sem nenhum tiro. “É preciso trabalho coordenado para combater o crime organizando, evitando que policiais, crianças e famílias inocentes sejam colocados em risco”.

