Deputado pede que MP apure doação de Fusca de R$ 70 mil a governador do DF por empresário
O deputado distrital Gabriel Magno (PT) pediu nesta sexta-feira, 31, que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investigue a doação de um Fusca de R$ 70 mil ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), pelo empresário Fernando Cavalcanti. Como mostrou a Coluna do Estadão, o presente foi dado por Cavalcanti quando ele era vice-presidente do escritório de advocacia Nelson Willians, contratado pelo BRB, banco estatal. Cavalcanti confirmou a doação em depoimento à CPI do INSS.
Procurados, o governador e o BRB não responderam. O banco já confirmou à Coluna ter contratado o Nelson Willians Advogados a partir de 2024, para atuar pela instituição em diversos Estados.
“O governador, ao aceitar presente de alto valor de empresário cujo escritório mantém contrato com o BRB, demonstra que suas relações pessoais interferem em sua atuação como gestor público, criando ambiente propício ao favorecimento e ao tráfico de influência”, afirmou Gabriel Magno ao MPDFT. O parlamentar apontou “favorecimento, que compromete a confiança da sociedade na imparcialidade e na probidade da gestão pública”.
Documentos do BRB obtidos pela Coluna apontam que 52 advogados do escritório Nelson Willians estão autorizados a representar judicialmente o banco estatal até o fim de 2025. O dono da empresa, Nelson Wilians, assinou procurações em nome do banco estatal do Distrito Federal em fevereiro deste ano.
Em abril passado, com o contrato ativo entre o BRB e o escritório, o então vice-presidente do Nelson Wilians Advogados deu de presente ao governador do Distrito Federal um carro Fusca de R$ 70 mil. Cavalcanti rompeu com o escritório no mês seguinte, em maio.

‘Ibaneis é um amigo’
Cavalcanti admitiu ter feito a doação a Ibaneis no último dia 6, durante depoimento à CPI do INSS. “Ibaneis é um amigo, um excelente gestor, uma pessoa que tem minha total deferência e respeito. Eu tenho muita tranquilidade e muito prazer em ter dado esse fusca para ele”. O governador disse que vai declarar o carro em seu imposto de renda no próximo ano.
Em setembro, o empresário teve bens apreendidos pela Polícia Federal – entre eles, uma réplica de carro de Fórmula 1 e relógios que chegam a R$ 1,3 milhão. O escritório do advogado Nelson Wilians, do qual era vice-presidente e sócio, é suspeito de lavagem de dinheiro na fraude do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O empresário negou qualquer irregularidade à CPI. “Deixo registrado que nunca fui laranja, operador ou beneficiário de qualquer esquema. Minha atuação sempre foi de gestor, e os pagamentos por mim recebidos eram compatíveis com todas as funções que eu desempenhava com a minha vida empresarial”.
