Financial Times: Operação brutal antidrogas no Brasil expõe fraqueza política de Lula
Os campos políticos de centro e de esquerda nas Américas esperam passivos que o crime organizado desapareça, enquanto a direita tem a postura de combater o problema com letalidade máxima para obter ganho político, destaca o Financial Times nesta domingo, 2, em artigo assinado por Will Freeman, pesquisador sobre assuntos de América Latina do Council on Foreign Relations. O autor cita a megaoperação realizada na semana passada no Rio de Janeiro para mostrar como o centro e a esquerda estão falhado no combate ao crime.
“Mesmo que as táticas da direita – ataques de barcos de Donald Trump, novas designações de terroristas dos Estados Unidos ou os assassinatos no Rio de Janeiro – façam pouco para enfraquecer os grupos criminosos, elas funcionam como teatro”, escreve Freeman.
O pesquisador avalia que a América Latina tem uma história de “populismo punitivo”, com táticas letais de aplicação da lei feitas mais para mobilizar o público do que para suprimir efetivamente o crime. As ações de Trump na região têm influenciado líderes de direita. Um exemplo é a iniciativa do presidente do Equador, Daniel Noboa, que quer intervenção militar direta dos EUA.
No caso brasileiro, Freeman considera que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou em situação menos vantajosa do que estava dias antes da ação policial no Rio. “Lula demorou muito para priorizar a segurança e resistiu a descrever as gangues como as organizações predatórias que são.”
Para o especialista, centristas e esquerdistas em toda a região devem não apenas criticar a letalidade e ilegalidade do governo, mas também propor leis, táticas de policiamento e estratégias para desmantelar gangues criminosas.
