4 de novembro de 2025
Politica

A depender de Cláudio Castro, os corpos enfileirados na Penha viram cartão postal do Rio

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, está se achando e vive seus 15 minutos de glória depois da operação policial que resultou em 121 mortos, inclusive quatro policiais, a mais letal da história, que, vamos combinar, não tem absolutamente nada de glorioso. Até porque o crime organizado vai continuar ganhando a guerra.

Os 15 minutos podem evaporar rapidamente, com o TSE julgando, a partir dessa terça-feira, um pedido de cassação de Castro por contratações acusadas de irregulares no CEPERJ, instituição que forma servidores públicos para o governo do estado.

O governador Cláudio Castro ao lado do ministro da Justiça Ricardo Lewandowski
O governador Cláudio Castro ao lado do ministro da Justiça Ricardo Lewandowski

O forte do currículo do governador é sua atuação como cantor e autor de músicas católicas, além do diploma em direito e os anos assessorando políticos. Ele só chegou aonde chegou ao se lançar a vice na chapa de Wilson Witzel em 2018, na onda bolsonarista.

Um dos seis governadores do Rio cassados e/ou presos, Witzel era desconhecido, foi eleito em dois meses e meio de campanha, assumiu defendendo “mirar a cabecinha de bandido e pou” e sumiu tão rapidamente quanto apareceu. Castro, tão desconhecido quanto o titular, assumiu, ganhou as eleições de 2022 e bandeou-se para o PL.

Com a operação e os 121 mortos, Cláudio Castro sentiu-se uma estrela nacional. Trocou cutucões com o governo Lula, acertou um “escritório emergencial” com o ministro Ricardo Lewandowski e recebeu com holofotes os governadores de direita para lançar o “Consórcio da Paz” — que, de paz, não tem nada e só serve para confrontar Brasília.

Por fim, reuniu-se, na véspera do julgamento no TSE, com o onipresente ministro do STF Alexandre de Moraes. Não para falar de flores e do processo, mas sobre a operação planejada e executada para ser de confronto, com dezenas de mortos. Moraes, ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, quis dar uma de corregedor de polícia. Inusitado.

O fato é que Castro não apenas sobreviveu à tragédia como ganhou protagonismo, a bandeira da “segurança” e dez pontos a mais na avaliação positiva de seu governo, graças à exaustão da sociedade com a insegurança. Nada mal para um pré-candidato ao Senado, a um ano da eleição. E ele tem mais um “trunfo”: o projeto que classifica CV e PCC como “terroristas”, pauta do Congresso e de negociações com os EUA.

Assim como replicou Witzel com o “mirar na cabecinha e pou!”, ele está na linha do senador Flávio Bolsonaro, que disse ter “inveja” e adoraria que os EUA explodissem barcos na Baía de Guanabara sob o pretexto de combate ao tráfico, como faz nas costas da Venezuela. Os corpos enfileirados na Penha passariam a ser a nova rotina e o novo cartão postal da Cidade Maravilhosa.

 

 

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