Lula: ‘Não vejo por que não me dar bem com o Trump. Relação de chefes de Estado não é ideológica’,
BRASÍLIA – O presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) disse que saiu da reunião com o presidente dos EUA, Donald Trump, no mês passado, “certo de que vamos estabelecer um acordo”. Ele também afirmou que deve ligar para Trump após a COP30, em Belém (PA).
“Não vejo por que não me dar bem com o Trump. A relação de chefes de Estado não é ideológica”, disse Lula. As declarações foram feitas em entrevista a agências internacionais em Belém (PA).

“Quanto terminar a COP, se não tiver marcada a reunião entre meus negociadores e os dos EUA, vou ligar para o Trump outra vez, porque temos nossos telefones. O interesse é meu de negociar. Não terei nenhum problema de ligar a Trump, de ir a Washington e espero que ele não tenha problema de vir ao Brasil.”
Lula disse ainda que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda Fernando Haddad “estão preparados para marcar uma nova reunião e para ir a Washington negociar”.
“Queremos que EUA abram mão das punições aos nossos ministros do STF e que as taxas sejam zeradas para a gente começar a discutir do zero. Aí sim começamos do zero. Disse a ele que reconheço que um país pode taxar o outro. Estou cansado de assinar coisa taxando outros países. Mas no limite da compreensão e estabelecido pela OMC, limite máximo da OMC é de 35%.”
Lula disse que o tarifaço imposto pelos EUA contra o Brasil foi feito com base em “dados irreais”. Ele também ponderou que o Brasil “não se opõe que um País possa taxar nossos produtos” para defender sua indústria e emprego, mas que no caso dos EUA, essa taxação não teria sido feita com base em dados verdadeiros, disse Lula.
“Tive a oportunidade de entregar ao presidente (dos EUA, Donald) Trump um material por escrito mostrando o equívoco do que tinha acontecido”, afirmou.
Conflito militar na Venezuela
O presidente afirmou que não quer conflito na América Latina e que disse ao presidente dos Estados Unidos que “problema político a gente não resolve com armas, resolve com diálogo”.
“Eu não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre. Eu disse a Trump, e vou repetir, um problema político a gente não resolve com armas, resolve com diálogo. Se está faltando diálogo, eu me coloquei à disposição. Temos todo o interesse em ajudar. Nós não queremos conflito na América do Sul, o único conflito que queremos é o verbal, que não machuca nem tira vidas, não derruba pontes e casas, mas o restante a gente não precisa de contencioso na América Latina”, destacou o presidente.
Para o presidente, ”a polícia tem todo o direito de fazer o combate ao narcotráfico. “Tem todo o direito e responsabilidade. E os americanos poderiam estar tentando ajudar esses países, não tentando ficar atirando contra esses países”, afirmou o presidente.
Lula também disse que o governo vai tentar discutir a questão da Venezuela na Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e que já conversou com a presidente do México, Claudia Sheinbaum, sobre a situação do país vizinho. Ele afirmou que “talvez” vá à cúpula da Celac na próxima semana em Santa Marta, na Colômbia, “para discutir e quem sabe tomar alguma posição em defesa dos países da América Latina”.
