Depoimento de Onyx à CPI do INSS tem defesa de Bolsonaro e antecipação das eleições de 2026
BRASÍLIA – A sessão da CPI do INSS desta quinta-feira, 6, que ouve ex-ministro da Previdência Onyx Lorenzoni, teve bate-boca intenso entre governo e oposição, reforçando a polarização entre apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Durante a oitiva, Lorenzoni defendeu o governo Bolsonaro, do qual fez parte. O nome do ex-presidente foi mencionado pelo menos 70 vezes até o fim da tarde. A sessão ainda foi marcada por discussões e provocações entre lulistas e bolsonaristas. Em alguns momentos, a fraude nos descontos associativos no INSS pareceu ser tema secundário.
O próprio Onyx destacou que a sessão desta terça-feira foi uma antecipação da disputa no Rio Grande do Sul – Estado pelo qual ele foi candidato ao governo, em 2022 – ao entrar em discussão com o líder do governo na CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

Do lado bolsonarista, houve menções ao mensalão e ao PT e ainda a afirmação de que a oitiva desta quinta-feira foi melhor que a do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi.
Assim como Lupi, Onyx também alegou que o INSS era uma autarquia autônoma e que parte da estrutura de controle, que poderia coibir o aumento nos descontos associativos não autorizados em aposentadorias, estava fora da alçada de seu ministério.
“O senhor tomou conhecimento dessas adesões em massa?”, perguntou o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). “Não, por uma razão, e eu vou lhe explicar com objetividade: o INSS é uma autarquia autônoma”, respondeu Onyx.
Petistas também mencionaram os mortos pela pandemia de covid-19. Houve ainda discussão para saber quem entre os dois presidentes abaixou mais impostos.
Governistas prepararam a artilharia contra o ex-ministro. O primeiro foi Rogério Correia (PT-MG). “O senhor sabe que Bolsonaro, semana que vem, dia 13 ou 14, vai estar na Papuda. A eficiência dele foi tão grande que foi o único ex-presidente, candidato, que não se reelegeu”, disse o petista.
Durante a intervenção, Correia lembrou dos mais de 700 mil mortos durante a pandemia de covid-19 e disputou com Onyx a narrativa de onde veio a maior parte dos desvios do esquema fraudulento no INSS. Correia disse que foi Bolsonaro; Onyx, que foi Lula.
“Houve realmente uma fragilização a partir de 2023. E eu respeito, o senhor tem todo o direito de defender o seu governo. Agora não tire o direito que eu tenho de defender o governo no qual eu trabalhei e no qual eu fui leal do primeiro ao último minuto ao melhor presidente da História do Brasil“, disse Onyx.
Outros integrantes da CPI dividiram a narrativa sobre quem dos dois seria o maior culpado pelos descontos associativos.
Um dos principais embates foi entre Onyx e Paulo Pimenta. Onyx foi candidato ao governo do Rio Grande do Sul, em 2022, e Pimenta trabalha para ser o candidato do PT nas eleições do Estado no próximo ano.
“O ministro falou que ficou sabendo, na transição, que o pai de um jornalista dele tinha sido descontado. Sabe quando é que ele recebeu o dinheiro de volta? Agora, no governo do Lula”, disse Pimenta, causando tumulto na sala. ”Durante o governo Bolsonaro nunca foi devolvido um centavo para nenhum aposentado. Foi o presidente Lula que já devolveu o dinheiro para mais de 3 milhões de aposentados e aposentadas.”
“Sem dúvida nenhuma o debate da eleição do ano que vem foi trazido para hoje, né?”, provocou Onyx. “Nós já nos enfrentamos há muitos anos politicamente no Rio Grande do Sul, e acredito que o senhor seja candidato ao Senado pelo Partido dos Trabalhadores, o que eu acho que o senhor tem condições de disputar e acho que nós vamos nos encontrar no debate lá, então, nós estamos começando hoje aqui sem nenhum problema, com absoluta segurança.”
O líder da oposição na CPI, Rogério Marinho (PL-RN), disse que a defesa de seus líderes faz parte da política, mas fez um apelo para que o foco fosse a fraude no INSS.
“Cada um dos parlamentares aqui presentes tem um compromisso com o seu público, com a sociedade e com o que defendeu por ocasião das últimas eleições na praça pública. Agora, todos nós temos também aqui um dever maior ainda com a sociedade brasileira: de eviscerar esse processo”, afirmou.
