7 de novembro de 2025
Politica

No sobe e desce de Lula, onde ficam seus palanques eleitorais em SP, Rio e MG?

O presidente Lula, que adora um palanque, vive em campanha e sobe no salto alto com muita facilidade, é o franco favorito, quase candidato único para 2026, mas enfrenta um obstáculo e tanto: a falta de candidatos competitivos, não apenas do PT, mas da própria esquerda, sobretudo em estados decisivos como São Paulo, Rio e Minas. Não se trata só de um problema eleitoral, mas também de uma ameaça à governabilidade a partir de 2027.

A ida de Guilherme Boulos para a Secretaria Geral da Presidência é exemplo de cobertor curto. Reforça o Planalto e o diálogo do governo com os movimentos sociais, mas retira o único nome em destaque para a disputa em São Paulo. Sem Boulos, que nem é do PT, mas do PSOL, e já perdeu a eleição municipal para Ricardo Nunes, quem sobra no chamado campo progressista? Fernando Haddad vai de novo para o sacrifício?

O  presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva durante  a sessão de cerimônia de abertura  da sessão  plenária da Cúpula do Clima, realizada em Belém (PA)
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva durante a sessão de cerimônia de abertura da sessão plenária da Cúpula do Clima, realizada em Belém (PA)

E no Rio? Grandes nomes do PT, ou remetem ao passado, como Benedita da Silva, ou têm lá seus probleminhas, como Washington Quaquá, prefeito de Maricá e pai do presidente do partido no Estado, Diego Zeidan. Ok, Wilson Witzel foi eleito governador da noite para o dia, na onda novidadeira e antissistema de Jair Bolsonaro em 2018, mas Lula nem é novidade nem antissistema para repetir o fenômeno. Aliás, foi ele quem fritou o PT no Rio em favor dele próprio.

Com mais cuidado, ou sorte, Romeu Zema também é neófito na política e foi empurrado pela mesma onda em Minas em 2018, mas mantém popularidade alta e o comando de um poderoso colégio eleitoral, famoso pela máxima de que só vira presidente quem ganha em Minas. O favorito ao governo é o senador Cleitinho, do Republicanos. Alguém aí lembra de um nome forte do PT ou da esquerda, após a ascensão e queda tanto do PT quanto do PSDB?

Lula começou a semana acuado e com a oposição assanhada, mas o governo conquistou por um voto a presidência da CPI da Segurança, o Congresso aprovou (finalmente) a isenção do IR até R$ 5.000,00 e, mal ou bem, ele conseguiu a foto com líderes relevantes internacionais em Belém – são menos do que se esperava, mas o suficiente para a propaganda de campanha.

Essa montanha-russa, com Lula em baixa no início do ano, em alta no fim, em baixa na segunda-feira, em alta na sexta, confirma que a sua posição é confortável para disputar um quarto mandato, mas também serve de alerta: muita coisa pode acontecer até as urnas de 2026.

Em 1994, Lula tinha 40% nas pesquisas e foi franco favorito até meados de junho, a quatro meses da eleição, mas perdeu para o tucano Fernando Henrique Cardoso já no primeiro turno. Não há hoje um FHC à disposição nem um Plano Real à vista, mas é sempre bom lembrar que eleição não se ganha de véspera. Sempre pode haver surpresas, especialmente com palanques estaduais claudicantes e fortes governadores de oposição.

 

 

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