7 de novembro de 2025
Politica

A China e a exportação do seu modelo predatório

Donald Trump busca preservar a supremacia norte-americana e, para isso, precisa desafiar a atual ordem econômica e política. O principal obstáculo é a ascensão da China, cuja influência global cresce de forma acelerada.

Estados Unidos e China disputam o posto de maior economia do mundo. Em 2025, a diferença entre seus PIBs caiu para cerca de US$ 10 trilhões. A expansão chinesa, considerada o fenômeno econômico mais rápido do século 21, ameaça mais de um século da hegemonia norte-americana.

Historicamente, a China se enxerga como o “Império do Meio”, uma civilização central, ideia que, segundo Henry Kissinger, ainda orienta seus líderes. Até os anos 1960, o país era majoritariamente rural e pobre. Com as reformas de Deng Xiaoping, abriu-se ao investimento estrangeiro e ao setor privado, criando um modelo híbrido: comunismo político e capitalismo econômico – oficialmente denominado “capitalismo de Estado”.

Esse sistema, contudo, é marcado por práticas predatórias: uso intensivo de mão de obra barata, subsídios públicos e dumping em mercados internacionais. Com esse “jogo desigual”, a China dominou cadeias industriais globais e expandiu sua influência por meio de empréstimos e investimentos estratégicos.

O país concentra sua atuação como credor em regiões mais pobres, especialmente na América Latina e na África. Nessas áreas, a metodologia chinesa mantém-se fiel ao predatismo, recorrendo a um fenômeno conhecido como “diplomacia da armadilha da dívida” (debt-trap diplomacy), que impõe uma dinâmica em que empréstimos chineses a governos locais criam obrigações de longo prazo e possível perda de soberania. Trata-se de um modelo baseado na exportação de matéria-prima, em detrimento do desenvolvimento industrial interno. Essa conduta abusiva é coerente com o padrão de crescimento econômico chinês.

Diante do aumento da influência chinesa em regiões estratégicas, os Estados Unidos reagem com planos de contenção, diretos e indiretos. Na América Latina, o governo Trump resgata elementos da “Doutrina Monroe”, oferecendo empréstimos, acordos comerciais e apoio militar para conter o avanço chinês. No confronto direto, Washington chegou a ameaçar tarifas de até 100% sobre importações da China, em resposta às restrições de Pequim na exportação de terras raras. Trump e Xi Jinping decidiram adiar o embate, e os EUA acabaram se curvando diante da calculada frieza chinesa.

A trajetória da China é ascendente e estratégica, enquanto a resposta americana parece reativa. A dúvida que permanece é se o modelo chinês – híbrido, estatal e competitivo – se tornará a nova referência global, inaugurando uma ordem internacional em que a expansão econômica se sobrepõe a qualquer limite político ou moral.

 

 

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