Advogado deixa defesa de ex-assessor de Moraes para ‘baixar a temperatura’ com ministros do STF
O advogado Eduardo Kuntz deixou nesta sexta-feira, 7, a defesa de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tagliaferro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por violação de sigilo funcional e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, após o vazamento de mensagens trocadas por integrantes do gabinete de Moraes.
Ao confirmar a decisão, Kuntz afirmou que a saída tem o objetivo de “baixar a temperatura” e evitar envolvimento em conflitos institucionais com o Supremo Tribunal Federal (STF). “A ideia é demonstrar que a minha atuação é totalmente técnica, que eu tenho respeito pela Corte, pelos ministros, e que eu não quero ficar no meio de uma guerra pessoal, institucional, deles“, diz o advogado.

O advogado afirmou que a decisão também busca evitar novos embates com ministros do Supremo, ao reconhecer que o clima de tensão “tem atrapalhado um pouco” o exercício de sua profissão.
Ele lembrou ainda estar sendo investigado por Moraes: “A gente baixa um pouco a temperatura, porque, como você sabe, eu também estou sendo investigado por conta da tentativa de anulação do acordo de delação de Mauro Cid, e isso tem atrapalhado um pouco a minha advocacia”, completa.
A investigação mencionada por Kuntz foi aberta em junho, quando Moraes determinou a apuração sobre a troca de mensagens entre o advogado e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, no período em que o militar estava proibido de usar redes sociais em razão das restrições impostas pelo acordo de colaboração premiada. O inquérito apura possível tentativa de obstrução de investigação.
Kuntz, que também defende o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, réu no núcleo 2 da trama golpista, afirmou que as conversas com Cid foram mencionadas como estratégia de defesa de seu cliente.
O advogado afirmou que a defesa de Tagliaferro será assumida pelo advogado Paulo Farias, que também representa o ex-deputado Daniel Silveira em ações no Supremo.
Tagliaferro é acusado pela PGR de agir contra a legitimidade do processo eleitoral e de atuar para prejudicar as investigações de atos antidemocráticos.
Nesta sexta-feira, Moraes e Cristiano Zanin votaram para tornar Tagliaferro réu. A Primeira Turma do STF começou a analisar, no plenário virtual, se abre ação penal contra o perito. Também participam do julgamento os ministros Cármen Lúcia e Flávio Dino, e a votação ficará aberta até 14 de novembro.
Moraes já pediu ao Ministério da Justiça a extradição de Tagliaferro, que está na Itália. O pedido foi feito para assegurar tanto o cumprimento de eventual pena, em caso de condenação, quanto a instrução do processo. Tagliaferro foi detido no início de outubro, na Calábria, onde vive, e submetido a medidas cautelares que o impedem de deixar a comuna de Cosenza, no sul do país.
