7 de novembro de 2025
Politica

CPI do Crime está sob risco de dar palco para criminosos e palanque para 2026

A CPI do Crime Organizado está só começando. Presidido por um petista e com relator do MDB, o colegiado inicia sob aparente controle governista. Mas o rumo desenhado pelos primeiros requerimentos aponta para a montagem de um palanque eleitoral e o risco de a CPI dar palco para criminoso.

Na primeira sessão, o embate foi pela disputa do comando da comissão. Os dois principais postos ficaram com ex-delegados: na presidência, o senador Fabiano Contarato (PT-ES); na relatoria, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).

Primeira reunião no Senado da CPI do Crime Organizado
Primeira reunião no Senado da CPI do Crime Organizado

Os dois defendem que a CPI cuide do tema em busca de soluções para o enfrentamento do crime. Teoricamente, o alvo seria utilizar o espaço do Senado para discutir e debater políticas públicas para reprimir as organizações criminosas que ousam dar as cartas dentro e fora dos presídios.

A prática política, no entanto, é bem outra. A CPI só vingou por conta da megaoperação no Rio de Janeiro que resultou na morte de mais de 100. O governador Cláudio Castro virou herói da noite para o dia para uns. Para outros, usou o remédio errado e que não vai livrar o Rio da facção criminosa que domina comunidades e bairros inteiros.

Instalada a CPI, o segundo passo revela a possibilidade de a busca por informação se tornar uma inevitável politização da segurança pública. Serão chamados governadores e secretários de segurança pública divididos em três grupos: ‘os bons, os maus e os feios’.

Os primeiros são aqueles que seriam exemplo de ação exitosa. Os segundos, aqueles que não conseguiram fazer o dever se casa. E os terceiros, os que convivem com o epicentro das organizações criminosas.

Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná estão no primeiro grupo. Já Amapá, Bahia, Pernambuco, Ceará e Alagoas, com altos índices de criminalidade, no segundo. No terceiro, estão Rio e São Paulo, estados-sede do CV e do PCC, respectivamente.

Por essa divisão, o governador que se apresentar aos senadores na condição de quem tem uma fórmula para ensinar estará, assim, em posição confortável. A CPI servirá a esses para propagandear suas ações de olho nos reflexos disso em 2026.

Já o segundo grupo, pode até ter resistências em se sentar para falar, sendo visto como o mau exemplo de gestão em segurança.

Todos já foram convidados para ir na CPI. Mas tem gente que ficou de fora e pode querer entrar. Um requerimento solicita que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, também seja chamado. Pré-candidato à presidente, o goiano usa as ações de segurança na sua gestão como plataforma de campanha.

Uma outra leva de requerimentos, esses de autoria do mesmo senador, Marcos do Val (Podemos-ES), aponta para um risco. O político quer chamar para depor Alejandro Juvenal, Júlio César Guedes de Moraes e Gilberto Aparecido dos Santos. Quem são os três educadamente tratados pelo pronome de tratamento “Senhor” nos requerimentos? Marcolinha, Julinho Carambola e Fuminho. Todos do PCC.

Eles já estão condenados e presos. O que podem contribuir para uma CPI é questão controversa, tendo em vista que a comissão pode apenas acabar dando palco a criminosos que chegarão sob escolta reforçada.

Esses requerimentos ainda não foram aprovados. Como a CPI está no começo, não se sabe se a maioria dos senadores vai querer patrocinar o espetáculo.

 

 

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