9 de novembro de 2025
Politica

Michelle segue cartilha de Bolsonaro em ataques a Lula e STF rumo a 2026

Embora Jair Bolsonaro não tenha ainda apontado o herdeiro de seu capital político para as eleições de 2026, Michelle Bolsonaro se consolida como candidata a cada evento que participa. Na tentativa de se cacifar para a disputa – seja para a presidência da República ou para o Senado, como prefere o marido -, a ex-primeira-dama tem repetido as ideias que alçaram a direita ao poder no Brasil.

No sábado, 8, durante discurso em um evento do PL Mulher em Londrina (PR), Michelle elencou as bandeiras de seu grupo político. Hoje, a principal delas consiste em atacar o Supremo Tribunal Federal (STF). No dia anterior, a defesa de Jair havia sido derrotada no julgamento do recurso à condenação pela tentativa de golpe de Estado.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro com o marido, Jair
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro com o marido, Jair

Michelle afirmou que o Congresso Nacional “está de joelhos em frente ao STF”. Disse que isso “é uma tristeza” e que “só quem governa é o Judiciário”. E arrematou: “Os nossos deputados aprovam leis e, se não tiver em concordância, eles anulam”.

De fato, na estrutura dos Três Poderes, cabe ao Judiciário fazer o controle de constitucionalidade das lei aprovadas pelos parlamentares. Isso inclui derrubar a validade de normas em julgamentos posteriores a votações no Legislativo, se houver incompatibilidade com a Constituição Federal.

Michelle não mencionou no discurso, mas, além da condenação de Bolsonaro, outro episódio na atuação do STF incomoda a direita: o fato de a Corte não ter deixado o caminho aberto para o Congresso aprovar a anistia aos condenados pela trama golpista. Com a certeza de que o perdão seria derrubado pelo Supremo, o Congresso preferiu adiar esse plano para um futuro distante.

Inelegível? Michelle defende o marido como ‘única opção’ para 2026

Bolsonaro esta inelegível desde 2023 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com a condenação do STF, as urnas ficam ainda mais trancadas para ele em 2026. Ainda assim, Michelle tenta conquistar o eleitor bolsonarista raiz ao glorificar o marido a afirmar que ele é a única opção para governar o País. Fez isso também no último sábado.

“Não há outra opção para a Presidência da República. A única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro. Se não acontecer, não existe democracia, se não acontecer, este é o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem, no povo brasileiro”, disse aos paranaenses. Também declarou que Jair veio para “para resgatar o patriotismo e o amor à pátria”.

Michelle aproveitou a ocasião para dar notícias do marido, prestes a completar 100 dias de prisão domiciliar. “Meu marido passou pela última cirurgia e nunca mais ele conseguiu se recuperar do soluço. Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrentes dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável”, contou.

Com esse mesmo raciocínio, a defesa de Bolsonaro tem esperança de garantir que ele continue na prisão domiciliar para o cumprimento da pena. Se isso não acontecer, o ex-presidente poderá ser transferido para a Penitenciária da Papuda ou para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília ainda neste mês.

“Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio”, concluiu.

Michelle repete fórmula de Bolsonaro

No evento, Michelle desfilou críticas a outros inimigos da direita. Disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz “aliança com o crime” e “fica do lado do crime e abandona a vítima”. Aproveitou para criticar também o “comunista ou socialista raiz” Pepe Mujica, que presidiu o Uruguai e morreu em maio deste ano.

Jair Bolsonaro foi alçado à liderança da direita no Brasil com essa mesma fórmula de ataques ao STF, a Lula e à esquerda. Também foi impulsionado pelo discurso de combate violento à criminalidade e a ode à família e à pátria.

Mesmo sem a benção oficial do marido, que resiste em indicar um nome para disputar a presidência da República, Michelle é um dos nomes preferidos dos eleitores de direita a um ano da disputa. Pesquisa publicada pelo Instituto Gerp na sexta-feira, 7, mostra que ela teria 30% das intenções de voto contra 35% de Lula em uma disputa no primeiro turno.

Ainda segundo o levantamento, em um eventual segundo turno entre os dois, ela teria 47% dos votos contra 44% do atual presidente. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Por outro lado, em 9 de outubro, a Quaest indicou que nenhum nome do campo conservador demonstrava força suficiente para se destacar na disputa, embora Michelle tivesse sido apontada com um nome em crescimento.

 

 

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