Centrão vê Derrite como ‘trunfo’ para pressionar Bolsonaro a ungir Tarcísio; veja bastidores
A escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para relatar o projeto de lei antifacção do governo tem sido vista no Centrão como uma oportunidade de preparar nova investida pela candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Palácio do Planalto em 2026. Como Derrite é secretário em São Paulo, eventual sucesso da relatoria cairá também na conta do governador, que é o nome favorito dos partidos de direita para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano que vem.
A ideia é usar Derrite como “trunfo” para recolocar Tarcísio no jogo político nacional, por meio da pauta da segurança pública, e, com isso, ter mais um argumento para pressionar Jair Bolsonaro a ungi-lo como sucessor, à medida que se aproxima a prisão do ex-presidente em regime fechado.
O Centrão “sonha” com a indicação de Tarcísio para concorrer à Presidência até dezembro para que haja tempo de articular uma grande aliança em torno do governador contra Lula. Bolsonaro, contudo, resiste a dar o aval agora.
O próprio Tarcísio saiu de cena e passou a falar em reeleição em São Paulo após se desgastar com críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nos atos de 7 de Setembro, e a articulação pela anistia em Brasília. Mas aliados apostam que a segurança pública pode impulsioná-lo novamente rumo ao Planalto.
O nome de Derrite para a relatoria foi anunciado na sexta-feira, 7, pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que é do partido de Tarcísio. A decisão causou críticas da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e do líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ).
A direita, que ficou meses na defensiva com divisões internas e viu Lula recuperar a popularidade, voltou a pautar o debate político com o tema da segurança pública a partir da megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) realizada pelo governador do Rio, Cláudio Castro (PL), no último dia 28.
