10 de novembro de 2025
Politica

CPI do Crime Organizado avalia convocar Tuta, chefão do PCC

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) pediu que a CPI do Crime Organizado convoque Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, apontado pelo Ministério Público de São Paulo como chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC). Tuta está preso desde maio passado, quando foi capturado na Bolívia e extraditado para o Brasil.

A CPI analisará nos próximos dias o pedido do senador, feito na última sexta-feira, 7. Caso o colegiado concorde com a solicitação, o criminoso será obrigado a prestar depoimento.

Tuta ficou cerca de cinco anos foragido e o PCC espalhou a informação falsa de que ele estava morto, para ajudá-lo em um plano para resgatar da cadeia Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que está encarcerado desde 1999. As informações são do promotor Lincoln Gakiya, especialista no enfrentamento à facção.

“Ele (Tuta) inclusive chegou a ser dado como morto pelo próprio PCC por ter tido má conduta na gestão da facção. Depois, descobrimos que era uma contrainformação dada pelo próprio PCC para que as autoridades policiais e o Ministério Público não incomodassem mais o Tuta, uma vez que ele estava incumbido do plano de resgate do Marcola”, disse Gakiya ao Estadão.

Integrante da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) Marcos Roberto de Almeida, o Tuta
Integrante da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) Marcos Roberto de Almeida, o Tuta

Ainda de acordo com o promotor, Tuta foi um dos principais nomes do PCC que estavam em liberdade durante os ataques de maio de 2006 em São Paulo. À época, insatisfeita com transferências de seus líderes para penitenciárias mais rígidas, a facção atacou delegacias, prédios públicos e ateou fogo em ônibus. No total, 564 pessoas foram mortas no Estado, entre elas 59 agentes públicos.

No mês passado, o criminoso foi transferido de Brasília para São Paulo, também em um presídio de segurança máxima. Ele foi condenado pela Justiça paulista em 2024 a 12 anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa, resultado da Operação Sharks, que investiga como o PCC lava o dinheiro obtido com o tráfico de drogas e outras atividades criminosas — cerca de R$ 1,2 bilhão foram enviados para o exterior com a ajuda de Tuta.

Tuta também foi alvo de mandados de prisão em 2020 e em 2023 na mesma operação, mas nunca foi encontrado. Segundo a Corregedoria da PM paulista, ele foi uma das pessoas que recebiam informações privilegiadas de policiais da Rota sobre operações que seriam deflagradas. Os detalhes do esquema foram revelados após a morte do delator Antônio Vinícius Gritzbach no ano passado.

A CPI do Senado foi instalada na última semana, poucos dias após uma megaoperação policial no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho deixar 121 mortos. Foi a operação mais letal da história do Estado.

Tuta é apontado como um dos principais operadores financeiros do PCC
Tuta é apontado como um dos principais operadores financeiros do PCC

 

 

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