‘R$ 10 milhões no dia’; PF detalha como ‘mestre dos magos’ lavava dinheiro de venda de sentenças
Suspeito de encabeçar uma rede de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça e em cortes estaduais, Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como o ‘lobista dos tribunais’, estruturou uma engenhosa cadeia de lavagem de dinheiro municiada de pelo menos 14 operadores diretos, baixa rastreabilidade e movimentações diárias que superaram R$ 10 milhões, segundo inquérito da Polícia Federal.
A reportagem do Estadão pediu reiteradamente manifestação da defesa de Andreson. O espaço está aberto.
Um dos operadores do esquema atribuído a Andreson o tratava como o ‘mestre dos magos’, em deferência a seu amplo domínio na ocultação de ativos arrecadados via corrupção.
Relatório no âmbito da Operação Sisamnes, ao qual o Estadão teve acesso, revela que o lobista, por meio de uma empresa de fachada de transporte de cargas, operou um “quadro de invisibilidade” que branqueou cifras milionárias por anos até ser alcançado pelos federais.
‘Mestre dos magos’ está em regime de prisão domiciliar em Primavera do Leste, em Mato Grosso, desde julho, com autorização do ministro Cristiano Zanin, relator da Sisamnes no Supremo Tribunal Federal.
Segundo a PF, Andreson arquitetou sofisticado método de lavagem de dinheiro com o auxílio de advogados, servidores do STJ, consultores jurídicos e outros lobistas. O grupo adotou dois “vetores preferenciais” para executar movimentações ilícitas, dizem os investigadores.
“Diferentemente de outros delitos em que o rastro financeiro tende a ser mais direto, aqui a lógica é certa: quanto mais elevado o cargo do agente público, mais sofisticados são os mecanismos criados para suprimir qualquer conexão entre a vantagem indevida e a decisão judicial”, destaca a PF no relatório subscrito pelo delegado Marco Bontempo, que atua na área mais sensível da PF, a que toca inquéritos de competências dos tribunais superiores.
Os federais afirmam que as “condições fundamentais” do esquema envolviam, primeiro, a “aparente legitimidade para movimentar quantias expressivas, justificadas pela subjetividade inerente ao valor de serviços jurídicos”, e, em seguida, a “capacidade de formalizar contratos que sustentam cifras milionárias sem despertar, de imediato, suspeitas nos sistemas de controle”.
“Sob essa roupagem, honorários advocatícios e ajustes consultivos funcionam como canais regulares de inserção de recursos ilícitos, conferindo aparência de legalidade ao preço da corrupção”, destaca o documento.
Os federais sublinham que a suposta engenharia criminosa estaria atrelada a uma “blindagem contratual” clássica de setores de alta liquidez, como o transporte de cargas – ramo escolhido por Andreson para emitir notas frias e dissimular um intenso fluxo de caixa para lavar as cifras vultosas adquiridas com a suposta venda de sentenças.
O documento aponta até suborno de autoridades como parte essencial do esquema de Andreson.
“O suborno pode ser materializado (e, muitas vezes, é) por vantagens indiretas, como o empréstimo ou custeio de hospedagens de luxo, o uso de aeronaves privadas, o financiamento de eventos e outras facilidades que, embora não configurem transferências monetárias ostensivas, equivalem a benefícios patrimoniais de caráter corruptivo”, afirma a PF.
“A assimilação dessa lógica, aliada ao conhecimento dos bastidores que sustentam o ‘jogo’, mostra-se indispensável para a correta interpretação dos elementos probatórios reunidos”, arremata o documento.
Passa no crédito, querida
A análise dos valores apresentados por Andreson junto à Receita Federal indica, segundo a PF, uma “discrepância significativa entre as receitas informadas e os valores movimentados a crédito pelo lobista em suas contas ao longo dos anos”.
Entre 2019 e 2023, período que a PF aponta como o auge da suposta farra de sentenças, a maior discrepância nas contas de Andreson ocorreu em 2021. Naquele ano, os créditos bancários superaram as receitas declaradas em mais de R$ 5,4 milhões, enquanto os débitos ultrapassaram as despesas em cerca de R$ 5,6 milhões.
A mulher de Andreson, Mirian Ribeiro – apontada como braço direito do lobista em todas as engrenagens do esquema e também investigada na Operação Sisamnes – apresentou movimentações ainda mais alentadas em contas e cartões de crédito a partir de 2019.
Em 2023, os créditos bancários de Mirian excederam as receitas declaradas em mais de R$ 9,4 milhões, e, no ano anterior, os débitos superaram as despesas em cerca de R$ 19 milhões.
A análise da sobra financeira do período mostra que em 2022 a mulher de Andreson teve o maior saldo positivo, totalizando R$ 13,6 milhões – valor muito acima da média dos demais anos.
“Entre 2019 e 2021, as faturas do cartão de crédito em nome de Mirian Ribeiro apresentaram valores semelhantes, com uma média anual próxima a R$ 48,3 mil. Em 2022, o valor se multiplicou por 4,5 vezes, atingindo a marca de R$ 217 mil anuais. Em 2023, as faturas mais que dobraram novamente, chegando a R$ 533,5 mil”, retrata a PF sobre as movimentações de Mirian.
‘Aline Novo’
Com uma frota de 396 veículos avaliada em R$ 98 milhões, a empresa Florais Transporte Ltda, adquirida por Andreson em 2013, funcionava como núcleo financeiro do esquema e serviria como centro de “redistribuição” de propinas a magistrados, servidores, advogados e empresários envolvidos no suposto mercado de sentenças.
Em conversa de 8 de agosto de 2023 no WhatsApp com um contato identificado pela PF como ‘Aline Novo’, o ‘lobista dos tribunais’ se gaba das cifras branqueadas pela empresa.
“Eu recebo muito na conta da transportadora e lanço como STE de frete”, explicou Andreson.
“O movimento é violento”, seguiu o lobista.
“Pode mandar 10 milhões por dia que não faz diferença”, debochou Andreson.

A PF destaca que, entre 2014 e 2024, uma única conta bancária da empresa fantasma registrou créditos de R$ 72 milhões e débitos de R$ 73 milhões. Entre os movimentos mais suspeitos, os investigadores elencaram 216 depósitos em espécie que somaram R$ 1,2 milhão, o pagamento de 228 empréstimos que totalizaram R$ 3,2 milhões -“expediente típico de circulação artificial de valores” – e a compensação de 407 cheques no valor total de R$ 7,3 milhões, o que, segundo o relatório, indica um “padrão de pulverização financeira”.
O advogado Roberto Zampieri, também apontado como lobista e emblemático personagem do esquema, foi assassinado em dezembro de 2023 à porta de seu escritório em Cuiabá.
O rastreamento bancário mostra que Zampieri transferiu desde 2019 mais de R$ 7 milhões para a empresa de Andreson antes de ser executado por um pistoleiro de aluguel, em dezembro de 2023.
‘Zamp’, como era chamado por Andreson, realizou no mesmo período 642 saques em espécie, totalizando R$ 12,7 milhões. O advogado chegou a sacar na boca do caixa, em uma única ocasião, R$ 1 milhão, segundo a PF.
A opulenta lavagem articulada pelo lobista ocorria em três etapas principais, de acordo com a investigação. Na primeira, após a emissão das notas frias, “os valores ilícitos eram inseridos nas contas da transportadora por meio de transferências bancárias aparentemente regulares, apresentadas como pagamento por serviços supostamente prestados”, diz o documento.
Em seguida, a transportadora atuava como “núcleo de dissimulação”, redistribuindo os recursos para contas de pessoas que intermediavam a venda de sentenças ou para empresas de fachada indicadas pelo “agente público corrupto”, como classificou a PF.
“Ao final do processo, os valores alcançam o destinatário e seus intermediários já revestidos de aparência lícita, aptos a serem aplicados na aquisição de bens, em investimentos ou na manutenção de elevado padrão de vida, com significativo grau de blindagem contra mecanismos de controle e fiscalização”, sinaliza a investigação.

Elenco recheado
Os federais apuram o envolvimento de ao menos 14 operadores financeiros no esquema, entre contadores, doleiros e servidores do Superior Tribunal de Justiça.
O inquérito Sisamnes pontua a atuação de Nilvan Marques Medrado, responsável técnico-contábil por quatro empresas controladas por Andreson, entre elas a Florais Transporte Ltda e a companhia de táxi aéreo do lobista, que operava uma frota de quatro aeronaves de pequeno porte avaliadas em R$ 16 milhões.
“A investigação apurou que Nilvan figura como contador de 152 pessoas jurídicas, das quais 126 estão sediadas no estado de Mato Grosso, sendo que aproximadamente 75% delas atuam no setor de transporte rodoviário de cargas, segmento fortemente associado às operações identificadas”, contextualiza a PF.
No STJ, Andreson mantinha ligação com Márcio José Toledo Pinto, servidor que atuou em gabinetes de ministros da Corte e foi exonerado em setembro após uma sindicância interna do tribunal. Ao lado da mulher – Vanessa Resende Gonçalves -, Márcio controlava a empresa de fachada Marvan Logística e Transporte, segundo a PF.

Além de ter Nilvan Marques Medrado como contador, a Marvan era responsável por repasses milionários à companhia de Andreson que, segundo a PF, funcionava como núcleo financeiro do esquema.
“O quadro de transferências aponta que, entre maio de 2021 e dezembro de 2023, foram realizados mais de 40 lançamentos, muitos deles de grande vulto, como os repasses de R$ 250.000 em duplicidade no mesmo dia, além de transferências recorrentes de R$100.000, R$ 150.000 e R$ 200.000 ao longo de 2022 e 2023”, mostram os investigadores.
“Os elementos reunidos permitem concluir que a Marvan Logística foi instituída como empresa de fachada para dar suporte ao esquema de corrupção e lavagem de capitais, funcionando como elo entre as transferências provenientes da Florais Transportes e o núcleo familiar do servidor Márcio”, arremata a PF.

‘Encomenda’
A entrega das remessas em espécie para servidores do STJ teria ocorrido dentro da própria Corte, até em gabinetes de ministros, segundo sugere troca de mensagens entre Andreson e Zampieri em 9 de setembro de 2023.
“Vim conversar com um chefe de gabinete do ministro. Tive que vir de carro para trazer uma encomenda para ele. Te ligo daqui a pouco”, enviou Zampieri ao lobista, no que a PF acredita ser uma entrega de valores em espécie.

A investigação ainda não identificou quem teria recebido os supostos malotes das mãos de Zampieri dentro das dependências do STJ.
As suspeitas da PF, contudo, recaem sobre Rodrigo Falcão, ex-chefe de gabinete do ministro Og Fernandes.
O magistrado não é investigado. Og informou, por meio de sua assessoria, que “não tem conhecimento desses novos fatos” e reforçou que, “respeitando o direito ao contraditório, quem cometer ato ilícito deve assumir as consequências legais cabíveis”.
Trilha do dinheiro
Centralizada na empresa de fachada controlada por Andreson, a atuação dos operadores financeiros seguia quatro funções principais, segundo a investigação: promover a dispersão dos valores ilícitos por meio de diferentes expedientes, como saques em espécie com entrega direta a terceiros, pagamento de boletos e financiamentos, custeio e empréstimos de cartões de crédito, além da quitação de despesas pessoais e repasses a empresas.
A cartilha criminosa, descrita pela PF como “deliberada e consciente”, compôs “uma teia empresarial artificialmente construída para fragmentar a movimentação e dificultar a reconstrução da trilha do dinheiro”, apontam os federais.
‘Mestre dos magos’
Um aliado próximo de Andreson era o operador Diego Cavalcante Gomes, diz o inquérito. Entre 2018 e 2024, ele movimentou R$ 60,2 milhões – destaque para 520 saques na boca do caixa, que totalizaram R$ 9 milhões. A maioria das operações foi realizada em agências bancárias de Brasília, frisa a PF.

“Os elementos demonstram que Diego desempenhou papel essencial como operador, recebendo valores da Florais Transportes e executando a etapa crucial de ocultação/dissimulação por meio de saques fracionados, em linha com a tipologia clássica de lavagem de capitais”, anotam os investigadores.
Salvo no celular de Andreson como ‘Diogo Brasília’, o operador demonstrou “familiaridade e rotina” com as transações ilícitas envolvendo o lobista. Em diálogo de 13 de julho de 2023, Diogo se refere a Andreson como “mestre”.
“Amigo, boa tarde. Ainda está de pé?, questionou Diego Cavalcante que, em seguida, enviou dados bancários.
“Desculpa. Esqueci. Já mando fazer”, respondeu Andreson, prestes a enviar R$ 25 mil para a conta de Diego.
“Muito obrigado, mestre dos magos. Na terça eu já te passo”, respondeu o operador.

Para além de emitir ordens de repasses, Andreson também recorria a uma conta de passagem para viabilizar o branqueamento dos ativos. Essa função, segundo a PF, cabia a Daniela Barbosa Schutz. Ela gerenciava uma agência de viagens fantasma a serviço do esquema criminoso, diz o inquérito.
A quebra de sigilo bancário de Daniela mostra que a suposta operadora recebeu R$ 4 milhões da empresa de Andreson e outros R$ 200 mil transferidos diretamente por Mirian Ribeiro, a mulher do lobista.

“O volume e a frequência dessas operações afastam a hipótese de relação comercial legítima entre uma transportadora de cargas e uma agência de turismo, reforçando que Daniela foi utilizada para absorver e redistribuir recursos ilícitos do grupo”, crava a investigação.
“Destaca-se, ainda, que parte relevante dessas operações envolveu a quitação de faturas de cartão de crédito em montantes expressivos, expediente recorrentemente empregado para converter recursos ilícitos em padrão artificial de consumo e, posteriormente, reintegrá-los ao circuito econômico formal”, segue o documento.
Durante busca e apreensão na agência de turismo de Daniela, a PF encontrou diversas faturas de cartão de crédito com valores expressivos, algumas com pagamento antecipado acima do valor devido. Segundo o relatório, essa prática gerava créditos robustos para a fatura seguinte, criando um saldo positivo que poderia ser usado em benefício de terceiros.
A investigação aponta que a Florais Transportes fazia transferências para as contas de Daniela. Ela aplicava os recursos em créditos antecipados.
Depois, o cartão já quitado ou com saldo pré-carregado era repassado a Andreson, que entregava o ‘presente’ ao agente público corrupto, permitindo o uso do limite sem deixar rastros que o ligassem diretamente ao núcleo pagador, diz o inquérito da PF.

“Esse arranjo configura um mecanismo indireto de pagamento de propina, cuja sofisticação reside justamente na dificuldade de rastrear o beneficiário real: formalmente, as despesas aparecem como realizadas em nome de Daniela, mas, na prática, o usufruto se dá por parte do agente público”, diz a investigação.
Os ‘brindes’ patrocinados por Andreson a quem colaborasse com seu esquema de venda de sentenças não se limitavam a faturas gordas de crédito ou mesmo transferências vultosas que pingavam direto na conta do beneficiário.
Fórmula 1
Os ‘clientes’ do lobista, informa a PF, também tinham acesso a regalias, como mostrou um pagamento feito por Daniela à empresa MC Brazil Motorsport Holdings S.A., no valor de R$ 33.962,50, referente a ingressos para o Grande Prêmio de Fórmula 1 de São Paulo em 2024.
“Esse achado indica a possível utilização de recursos ilícitos para movimentações financeiras indiretas, aqui evidenciada pelo possível custeio de despesas luxuosas, por meio de liquidação de boletos. Trata-se de conduta que se enquadra na fase de integração da lavagem de dinheiro, em que valores de origem ilícita são reinseridos no circuito econômico sob a aparência de consumo legítimo”, aponta a PF.
Os federais também apuram se Daimler Alberto de Campos, ex-chefe de gabinete da ministra do Superior Tribunal de Justiça, Isabel Gallotti, adotou o mesmo tipo de “simulação de liquidez” usado por Daniela através de cartões de crédito.
“Embora não se descarte a hipótese de automatismos bancários, a frequência e a semelhança em relação a pagamentos vultosos reforçam a suspeita de que tanto Daniela quanto Daimler tenham sido utilizados como plataformas de movimentação indireta do esquema, cada qual por meio de uma engrenagem distinta, mas convergente na lógica de dissimulação patrimonial”, destaca a PF.
Gallotti não é investigada pelos federais e informou, por sua assessoria, que “desconhece o conteúdo da investigação, porque tramita em sigilo, e que seu gabinete está à disposição para auxiliar, no que seja necessário, a fim de que sejam cabalmente apurados os fatos ocorridos e responsabilizados todos os envolvidos”.
A defesa de Daimler, conduzida pelo advogado Bernardo Fenelon, afirma que o nome dele foi ‘utilizado de maneira espúria para gerar uma influência fictícia’ (leia abaixo a íntegra da nota de Fenelon).
‘Tem fácil aí?’
As recentes diligências da Operação Sisamnes também identificaram um ‘agente duplo’ no esquema encabeçado por Andreson, que além de lavar dinheiro para o lobista, intermediava informações privilegiadas de dentro do STJ. O operador João Batista da Silva recebeu repasses diretos da Florais Transportes em valores considerados “expressivos e incompatíveis com sua renda declarada”, segundo a PF. Entre 2019 e 2024, sua conta bancária registrou 345 créditos da empresa de Andreson, que totalizaram R$ 3 milhões.

“Dentre esses créditos, chama atenção o volume de transferências individuais de maior valor”, detalha a investigação. Apenas entre as operações iguais ou superiores a R$ 40 mil, o rastreamento identificou diversos repasses consecutivos, incluindo transferências de R$ 100 mil, R$ 76 mil, R$ 70 mil R$ 60 mil e R$ 52.560.
“Esse padrão revela tanto a utilização do fracionamento (smurfing) quanto de saques próximos ao limite legal de comunicação obrigatória, expediente clássico de lavagem de capitais por numerário”, ressalta a PF.
A análise da nuvem do celular de Andreson revelou que Batista também enviava documentos judiciais para o lobista meses antes da divulgação oficial nos sistemas do STJ.
Em diálogo extraído pelos federais, Batista encaminha três anexos sigilosos que tramitavam no gabinete da ministra Gallotti em julho de 2023.
“João, você tem fácil aí aqueles 3 anexos?”, perguntou Andreson no dia 7 daquele mês.
“Um momento”, pediu Batista, que encaminhou em seguida um ‘pacote’ de decisões sigilosas da ministra.

Saca e distribui
A investigação também revelou que Mizael Soares Passos seria o encarregado de sacar e repartir os valores ilícitos, “reforçando a engrenagem de lavagem de capitais estruturada por Andreson”, afirma a PF.
A quebra de sigilo bancário aponta que Mizael recebeu R$ 306 mil da Florais Táxi Aéreo, empresa de fachada ligada a Andreson que oferecia serviços de aviação fictícios.

A PF suspeita que ele atuava como mais uma “conta de passagem” no esquema – Mizael movimentou cerca de R$ 1 milhão em 173 operações de saque.
A boletagem artificial também era corriqueira na engrenagem nutrida por Andreson e Mirian Ribeiro, diz a PF.
A prática visa ocultar o patrimônio real do criminoso, que movimenta valores ilícitos através de boletos sem lastro comercial efetivo, assinalam os investigadores.
“Nessa sistemática, pessoas físicas ou jurídicas vinculadas ao núcleo pagador e ou a estruturas de fachada emitem boletos aparentemente regulares, que são quitados com recursos de origem suspeita, frequentemente em espécie ou por transferências entre contas controladas pelo mesmo grupo, de modo a conferir aparência de licitude às entradas e saídas financeiras”, argumenta a investigação.
O funcionamento da boletagem dependia dos serviços de Danúbia Dayane Albanezi, funcionária vinculada ao escritório de Zampieri.
“Veja e depois apaga!”, enviou Danúbia no WhatsApp para Zampieri após confirmar a emissão dos boletos frios.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE DAIMLER ALBERTO DE CAMPOS
“A apuração demonstra claramente que não existe nenhum vínculo entre nosso cliente e os fatos sob investigação. Aqueles que mantiveram relação com grupo investigado, inclusive, já foram punidos e demitidos pelo próprio Tribunal.
O seu nome (assim como o de outras autoridades) foi utilizado de maneira espúria para gerar uma influência fictícia. Isso se comprova nitidamente neste último relatório da investigação: os contatos telefônicos salvos com o nome “Daimler”, na verdade, pertencem a terceiros que ele desconhece absolutamente.”
Bernardo Fenelon, advogado
COM A PALAVRA, A DEFESA DE ANDRESON GONÇALVES
A reportagem do Estadão pediu reiteradamente manifestação da defesa de Andreson Gonçalves. O espaço está aberto.
COM A PALAVRA, OS DEMAIS CITADOS
A reportagem do Estadão busca contato com as defesas de outros citados na investigação. O espaço está aberto para manifestação (rayssa.motta@estadao.com; fausto.macedo@estadao.com; felipe.paula@estadao.com).
