14 de novembro de 2025
Politica

PF sugeriu fiança de até R$ 14 milhões a deputado e ex-ministro de Bolsonaro; Mendonça negou

BRASÍLIA – A Polícia Federal (PF) chegou a pedir que o Supremo Tribunal Federal fixasse fianças a serem pagas pelo ex-ministro do Trabalho e Previdência e ex-presidente do INSS no governo de Jair Bolsonaro José Carlos Oliveira, o deputado federal Euclydes Marcos Pettersen Netto e outros investigados da Operação Sem Desconto. A ideia era fazer os alvos da Operação Sem Desconto pagarem pelos valores obtidos com as fraudes ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), “garantindo a reparação do dano”. A PF pediu ainda que, caso a quantia não fosse paga, que fosse decretada a prisão domiciliar dos alvos.

O relator do caso no STF, o ministro André Mendonça, no entanto, negou os pedidos – tanto para arbitrar as fianças como para decretar a prisão domiciliar dos investigados. Sobre a operação, o deputado Petterson Neto afirmou que “nunca teve qualquer vínculo com o INSS, seus dirigentes ou decisões administrativas”. A reportagem busca contato com a defesa de Oliveira e o espaço está aberto para manifestações.

Ministro ponderou que tornozeleira atenderia necessidade de supervisão dos alvos da Operação Sem Desconto
Ministro ponderou que tornozeleira atenderia necessidade de supervisão dos alvos da Operação Sem Desconto

Para a Polícia Federal, a imposição de fiança a parte dos investigados da Operação Sem Desconto seria um complemento à monitoração eletrônica dos mesmos. Após anotar que o uso do aparelho em alguns casos era uma “alternativa eficaz à prisão preventiva”, a corporação argumentou: “a cumulação desta medida com o pagamento de fiança, que ajuda a assegurar o comparecimento a atos do processo e evitar a obstrução do seu andamento, parece ser suficiente e adequado à menor importância deles no esquema”.

A decisão que determinou a abertura da mais recente fase da Sem Desconto só cita o valor sugerido pela PF para a suposta fiança de Pettersen Neto: R$ 14,7 milhões. O valor é referente ao “piso obtido pelo parlamentar em decorrência dos desvios promovidos nos benefícios dos aposentados e pensionistas do INSS”. Ele é apontado pela PF como a “pessoa melhor paga na lista de propina” identificada na investigação.

Ainda sobre Petterson, Mendonça também negou o pedido da PF para o monitoramento eletrônico do deputado. O ministro acolheu parecer do Ministério Público Federal, que apontou “descabimento” da medida. O argumento foi o de que a medida ” exige extrema cautela” e que sua decretação seria “desaconselhável”. Também foi negado um pedido para suspender o mandato do parlamentar em caso de não pagamento da fiança.

Já ao negar a fixação de fiança em valor correspondente ao supostamente obtido por cada um dos investigados, Mendonça listou os seguintes motivos: que a monitoração eletrônica “satisfaria a necessidade de supervisão dos investigados”; o fato de não haver, até o momento, “indícios de que os investigados estejam praticando condutas para frustrar a realização de atos processuais”.

Além disso, Mendonça argumentou que outras medidas cautelares, requeridas em outros processos contras as mesmas pessoas, “podem garantir o juízo em relação ao montante que aparentemente teria sido ilicitamente subtraído dos aposentados”. O ministro ressalvou, de outro lado, que o comportamento dos investigados poderia “justificar a reavaliação” quanto à questão da fiança.

 

 

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