PF foi ao endereço do ex-sócio de Lulinha em Brasília, mas não o encontrou
O empresário Kalil Bitar, ex-sócio de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não foi encontrado no endereço que a Polícia Federal tinha registrado como sendo dele.
Nesta quarta, 12, os agentes federais foram a uma casa no Lago Sul, área nobre e exclusiva de Brasília, para fazer buscas no âmbito da Operação Coffee Break – investigação sobre corrupção e desvios de verbas da Educação que atinge também Carla Ariane Trindade, ex-nora de Lula, e o empresário André Mariano, ligado a ela.
Kalil Bitar pediu habilitação no processo nesta quinta-feira, 12, e declarou morar em Portugal.
O advogado Roberto Bertholdo, que representa o empresário, disse ao Estadão que Kalil deixou a casa em Brasília há mais de um ano e se mudou para a Europa. Segundo o criminalista, ele vem ao Brasil no máximo duas vezes ao ano.

A Polícia Federal afirma que Kalil teve “grande importância e participação no sucesso empresarial” da Life Educacional, empresa de André Mariano, “atuando em prol dos interesses de André Mariano na ‘prospecção de negócios’”.
O empresário é suspeito de pagar propinas a agentes públicos e lobistas com influência política em troca de favorecimentos.
A defesa de Kalil informou que ainda não teve acesso aos relatórios que embasaram a operação, mas adiantou que ele não teve qualquer participação na “prospecção” dos negócios de André Mariano.
“A defesa técnica, acresce ainda, que o seu cliente, está à disposição da juíza da 1.ª Vara Federal de Campinas para colaborar com todos as investigações, na certeza que comprovará a improcedência de quaisquer acusações, uma vez que, sem nenhuma dúvida, configuram-se improcedentes”, diz Roberto Bertholdo.
A defesa de André Mariano informou que só teve acesso ao inquérito nesta quinta, 13, e que vai se inteirar do seu conteúdo para se manifestar.
‘O Kalil tem esse espaço que é dele’
Em uma conversa no WhatsApp com o secretário de Educação de Hortolândia, no interior de São Paulo, Fernando Gomes Moraes, em junho de 2022, o empresário pergunta se “vale a pena fazer um investimento lá no patrocínio do programa de TV do ‘amigo’”. “Há um interesse mútuo de todo o mundo”, afirma Mariano.
O secretário incentiva: “Acho legal o Kalil porque fica uma porta médio longo prazo se o Lula for presidente. O Kalil tem esse espaço que é dele, nem ninguém tira dele esse espaço.”
Fernando e Mariano foram presos preventivamente na Coffee Break.
A investigação também aponta que Mariano teria “doado” uma BMW 540I a Kalil. O carro avaliado em R$ 240 mil foi comprado em nome da Life Educacional.
“Há fortes indicativos que o veículo tenha sido utilizado como pagamento para Kalil, já que ele estava em posse do carro pelo menos desde 2023 e não foram identificadas transações que poderiam ser pagamentos pelo veículo na quebra bancária da empresa Life ou na de Mariano”, aponta a PF.
