15 de novembro de 2025
Politica

Quanto mais pesadelo Lula tem, mais Tarcísio sonha e volta ao jogo de 2026

O impacto da operação policial mais letal da história não apenas conteve o embalo do presidente Lula como empurrou o governador Tarcísio de Freitas de volta para o jogo de 2026. Depois de sucessivos erros, idas e vindas e pedidos de desculpas, Tarcísio está se poupando e avaliando para onde os ventos – e as candidaturas – vão.

Desde o início, Tarcísio e seu principal mentor político, Gilberto Kassab, combinam duas táticas, ambas baseadas numa única expressão: cautela. A primeira é jamais admitir uma candidatura presidencial já em 2026, para evitar as chuvas, trovoadas e ataques naturais contra quem se destaca. A outra é monitorar, passo a passo, para onde as coisas caminham e quais as reais chances de vitória, antes de qualquer decisão.

Quanto mais pesadelo Lula tem, mais Tarcísio e Kassab sonham com 2026
Quanto mais pesadelo Lula tem, mais Tarcísio e Kassab sonham com 2026

Com Lula franco favorito, praticamente correndo sozinho, o foco é, ou era, a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. Com Lula cambaleando, como parece agora, o céu é o limite. Ou melhor, a meta é o Planalto. A estratégia atende a um cronograma milimetricamente desenhado e focado na hora de decidir: vai ou não vai? O limite é abril, prazo final para desincompatibilização de governadores em disputa pela Presidência.

Vejamos pela Quaest os altos e baixos que mexem para lá e para cá o nome de Tarcísio na chapa de 2026. Num eventual segundo turno entre os dois, Lula tinha 52% contra 26% de Tarcísio em dezembro de 2024 – o dobro. Em maio deste ano, a diferença esfarelou e eles chegaram a empate técnico, com 41% a 40%. Lula recuperou energia e chegou a outubro com 45% a 33%. Logo, ele esteve sempre à frente, mas a disputa com Tarcísio é uma montanha russa.

E em novembro, como está? Em apenas um mês, a distância entre os dois principais candidatos despencou de 12 para 5 pontos no segundo turno, Lula com 41% e Tarcísio com 36%. Pela estratégia Tarcísio-Kassab, portanto, o governador de São Paulo está de volta ao jogo, mas com todo o cuidado para evitar bolas divididas – inclusive, ou principalmente, em relação aos 121 mortos no Rio.

Outra preocupação é manter os demais governadores em campo, como candidatos, para eliminar o risco de vitória de Lula no primeiro turno e unir forças no segundo turno. Mas o fundamental é estar próximo o suficiente de Jair Bolsonaro, para atrair seu eleitorado (sem esses votos, Tarcísio não é nada…), e longe o bastante para não ganhar um hematoma, uma torção, quem sabe uma maca para sair de campo.

Bolsonaro está às vésperas de entrar na Papuda, numa cela da PF ou num cantinho do QG do Exército, Eduardo Bolsonaro torna-se réu por coação (poderia ser por traição à Pátria…), Michele vive cercada de resistências na própria família. O clã afunda, mas o eleitor anti-PT, evangélico, com ojeriza a beijo gay em novela, que quer sangue no combate ao crime continua à tona, e forte.

Do outro lado, Lula enfrenta a polêmica sobre segurança pública, escândalo do INSS, suspeitas contra agregados e a notícia do Estadão de que o governo contratou para a cobertura jornalística da COP-30, por R$ 28 milhões, uma organização ligada ao PT e que ofereceu cargo para Janja. Pode ter justificativa, mas essas coisas trazem de volta os piores pesadelos de Lula. Quanto mais pesadelo Lula tem, mais Tarcísio e Kassab sonham com 2026.

 

 

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