17 de novembro de 2025
Politica

Estratégia de Bolsonaro de adiar prisão com novos recursos ao STF pode ser tiro no pé

Depois de ser derrotada no julgamento do primeiro recurso apresentado contra a condenação pela trama golpista, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro planeja apresentar outras duas apelações ao Supremo Tribunal Federal (STF). As chances de ver a condenação anulada ou a pena diminuída são praticamente nulas.

A estratégia agora é adiar ao máximo o início do cumprimento da pena e tentar convencer os ministros da necessidade de manter o réu em prisão domiciliar. Mas o plano pode não funcionar.

O ex-presidente Jair Bolsonaro aguarda em prisão domiciliar o fim do julgamentos dos recursos à condenação do STF
O ex-presidente Jair Bolsonaro aguarda em prisão domiciliar o fim do julgamentos dos recursos à condenação do STF

Normalmente, quando a defesa do réu apresenta o segundo recurso à condenação com argumentos já superados, a praxe é o tribunal declarar que a apelação é meramente protelatória. Na sequência, costuma-se determinar a prisão imediata do réu. Esse é o roteiro aplicado a julgamentos recentes de ações penais ao STF e pode servir também para Bolsonaro.

Nesta segunda-feira, 17, o STF publicou a ata do julgamento dos embargos de declaração, que terminou na sexta-feira, 14. Nos próximos dias, deve ser publicado o acórdão. Daí conta-se cinco dias de prazo para a defesa apresentar novo recurso, se quiser.

Os advogados do ex-presidente devem entrar com embargos infringentes, um recurso que poderia dar ao réu o direito a um novo julgamento – desta vez, no plenário. No entanto, para esse recurso prosperar, seria necessário que o placar da Primeira Turma tivesse computado dois votos pela absolvição, e isso não aconteceu. Apenas Luiz Fux votou a favor de Bolsonaro.

Diante do recurso, o relator, Alexandre de Moraes, poderá negar o pedido em decisão monocrática, ou encaminhar para a análise da turma, que deve seguir o mesmo entendimento. Em seguida, pode ser decretada a prisão de Bolsonaro.

A defesa também não desistiu da ideia de revisão criminal, que seria um novo processo, com instrução e julgamento. No entanto, essa possiblidade só existe quando há alguma prova nova, ou mudança na legislação com potencial de favorecer o réu. Isso também não aconteceu. Logo, esse recurso também poderia ser considerado protelatório.

Em paralelo, a defesa tem reunido documentos e laudos médicos para tentar comprovar o estado precário de saúde do ex-presidente e convencer o STF a manter-lo na prisão domiciliar. A estratégia tem chance de funcionar – mas, antes disso, Bolsonaro deve passar ao menos algumas noites na Penitenciária da Papuda.

Com base nos cálculos de prazos previsto na legislação penal, a expectativa no STF é que a prisão de Bolsonaro seja determinada entre a última semana de novembro e a primeira de dezembro.

 

 

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