Festival Salvador Capital Afro reafirma potencial musical no Alto do Abaeté
Itapuã é o quarto bairro a integrar o Festival Salvador Capital Afro 2025 com programação até 22 de novembro
O sábado (15) foi de reafirmação da potência da beleza de crianças e jovens no Alto do Abaeté, com atividades do programa AfroEstima e show do grupo mirim do Malê Debalê, ícone da cultura afro-baiana. O Festival Salvador Capital Afro 2025 chegou a Itapuã neste sábado (15), levando um dia inteiro de atividades formativas e culturais à sede do Malê Debalê, no Alto do Abaeté. Das 9h às 17h, o público pôde participar de oficinas gratuitas, formações empreendedoras e vivências que unem capacitação, autoestima e ancestralidade. A iniciativa é promovida pela Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), com gestão da OEI e em parceria com a SEMDEC e o Conselho Britânico.
“Sou dona da empresa ‘Aconchego do Cetim’ e, para mim, é de extrema importância essas imersões, pois estou começando agora. É como se estivesse segurando minha mão para eu poder empreender. Todo o apoio e todo o conteúdo que as professoras passam é como se eu estivesse numa escola. Os passos que elas ensinam pra gente são muito bons, é confortante. A gente chega a um local e se vê nelas por conta do aconchego com que elas nos recebem e tratam. Esse tipo de curso é muito importante na minha jornada,” afirmou Claudjane Barbosa, moradora do bairro de Nova Sussuarana e empreendedora da marca “Aconchego do Cetim”, criada há quatro meses.
Para Vanessa Luz, empresária, pedagoga e facilitadora da Imersão AfroEstima, realizada em parceria com a AfroBiz, é importante perceber a presença de homens e mulheres engajados em um momento que poderia ser de descanso, mas que estão no Território Itapuã, dentro do Festival Salvador Capital Afro 2025, fomentando seus negócios. “Num feriado de ‘Proclamação da República’, é uma espécie de proclamação para que nós, empreendedores, possamos nos autoafirmar em nossos negócios. A gente sabe que empreender não é fácil; não existe romantismo nesse processo, exige muitas demandas e gera muitos desgastes, e precisamos da pausa. Mas perceber esses momentos de imersão, sendo abraçados por pessoas que estão com vontade de crescer e que comparecem às nossas atividades, é engrandecedor,” finalizou Vanessa.
Durante a manhã, aconteceu a Imersão Empreendedora AfroEstima, com oficinas e orientações voltadas a afroempreendedores e pessoas interessadas em iniciar seus negócios, abordando temas como gestão, identidade visual e sustentabilidade financeira. À tarde, o público participou da Formação Sou Salvador, dedicada a profissionais da beleza, trancistas e especialistas em estética afro, fortalecendo o protagonismo e a visibilidade de quem atua nesse segmento.
Encerrando a programação, às 17h, o palco do Malê Debalê recebeu o Malezinho, grupo mirim do bloco afro, que há 30 anos forma crianças e adolescentes de Itapuã através da arte, da dança e da educação. A apresentação celebra o legado do Malê e o papel da juventude na continuidade da cultura afro-baiana, com performances que unem percussão, coreografia e canto em um espetáculo que traduz a energia do território.
“É imensurável sobrepor o Festival Salvador Capital Afro 2025. Estar nesse Território é difundir algo que o Malê Debalê já faz. Fomos motivo de pesquisa para que esse Festival estivesse acontecendo hoje, há mais ou menos dez anos, e que bom que o resultado está chegando na ponta. Nós estamos aqui hoje dialogando com trancistas e com empreendedores que fazem um cabelo virar ‘arte’ natural. Então é sobre esse Festival Capital Afro que estamos aqui nos debruçando. Nada mais é que um festival de Cultura que eu, Cláudio, estou muito feliz. Esse solo é sagrado e não poderia estar sendo celebrado em outro local. A comunidade permeia Itapuã; a comunidade é Malê Debalê,” afirmou Cláudio Souza de Araújo, empresário e presidente do bloco Afro Malê Debalê.
O Projeto Malezinho, criado há 30 anos, é uma das principais iniciativas do Malê Debalê. A edição comemorativa de 2025, intitulada “Malê em Todos os Espaços”, amplia o alcance das oficinas para além da sede, levando aulas de dança afro também ao Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Em Itapuã, as atividades seguem firmes aos sábados, das 8h às 12h, reunindo mais de 130 crianças inscritas em aulas gratuitas de dança, percussão e canto afro.
A ação integra a programação descentralizada do Festival Salvador Capital Afro 2025, que percorre bairros como Candeal, Ribeira, Ilha de Maré, Liberdade, Nordeste de Amaralina e Cajazeiras, antes de encerrar no Comércio, na Praça Maria Felipa, com a Feira Afrobiz, painéis temáticos e show de encerramento com Carlinhos Brown.
