Governador do DF anuncia novo presidente do BRB após operação da PF
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou nesta terça-feira, 18, que indicará para a presidência do BRB Celso Eloi de Souza Cavalhero, servidor da Caixa e superintendente do banco em Brasília. Mais cedo, o presidente do banco estatal do governo distrital, Paulo Henrique Costa, foi afastado do cargo por 60 dias pela Justiça, além do diretor de Finanças. A Justiça também ordenou a prisão do dono do banco Master, Daniel Vorcaro.
Inicialmente, o governador havia descartado a demissão do atual presidente do BRB. “Quanto à demissão ou não só posso decidir depois de me inteirar dos fatos”, disse o governador mais cedo à Coluna do Estadão.
Como revelou a Coluna, o presidente afastado do BRB está nos Estados Unidos. Procurado, o banco não respondeu que agenda Paulo Henrique Costa cumpre naquele país, nem quando voltará ao Brasil.
Ibaneis evitou comentar se a prisão do dono do Banco Master causou surpresa, e se teme ser alvo das próximas etapas da investigação.
Em nota, o BRB disse que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência”. Leia o comunicado ao fim da reportagem.

Ibaneis fez ampla defesa pública da compra do Master pelo BRB
Em março deste ano, um dia após o BRB anunciar que compraria uma fatia de R$ 2 bilhões do Master, o governador chamou a ocasião de um “dia de festa”.
“Hoje é um dia de festa para todos nós. Ontem, nós tivemos um fato muito importante, que foi a compra pelo BRB de uma instituição bancária, consolidando o BRB como uma das dez maiores instituições financeiras do Brasil”, afirmou o governador do Distrito Federal.
Na oportunidade, Ibaneis Rocha celebrou a “visão empresarial” do BRB e disse ter feito escolhas técnicas para a diretoria do banco estatal. Além do presidente do BRB, o diretor de Finanças foi afastado do cargo pela Justiça.
“Isso tudo graças a uma visão empresarial, uma visão onde você escolhe os seus diretores e os seus dirigentes não só observando a política, que é importante, mas observando a parte técnica. Porque se você não tiver técnica e integração, você não consegue avançar naquilo que uma cidade precisa”.
Quando o Banco Central barrou a compra do Master pelo BRB, Ibaneis Rocha atacou a decisão e acusou a autoridade monetária de sofrer pressões da oposição. “Mais uma vez, PT e PSB agiram contra o DF”, disse o governador, sem provas.
Dono do Master foi preso no Aeroporto de Guarulhos
A PF prendeu o dono do banco Master, Daniel Vorcaro, no Aeroporto de Guarulhos, por volta das 22h dessa segunda-feira, 17. A corporação identificou risco de o empresário fugir do País. Ele iria embarcar em um jatinho particular rumo ao exterior.
Outro preso na operação foi Augusto Lima, sócio do Master. Diretores da empresa também foram detidos pela Polícia Federal.
Banco Central decretou liquidação do Master
Nesta terça-feira, 18, o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master. A medida aconteceu menos de um dia após o Grupo Fictor ter indicado o interesse em comprar a instituição.
Operação Compliance Zero apura suposta organização criminosa
A Operação Compliance Zero investiga supostos crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, dentre outros. Investigadores detectaram suspeitas da emissão de títulos de crédito falsos pelo banco Master. Esses títulos teriam sido vendidos ao BRB e, após a fiscalização do Banco Central, foram substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.
Em setembro, o BC reprovou a compra bilionária de uma fatia do Master pelo BRB. O BC analisou o processo por cinco meses. Segundo apurou o Estadão, um ponto central da decisão foi o risco de o BRB ser contaminado pelos ativos do Master considerados “podres”.
BRB impôs sigilo a todos os documentos do caso
Como mostrou a Coluna do Estadão, o BRB impôs sigilo a todos os documentos internos relacionados à compra do Master. Em resposta a um pedido da Coluna com base na Lei de Acesso à Informação, o banco estatal alegou que a divulgação dos dados comprometeria sua competitividade no mercado financeiro. A decisão foi reforçada pelo presidente do banco, Paulo Henrique Costa.
Leia o comunicado do BRB
“O BRB reforça que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.
O Banco informa, ainda, que nenhuma prisão foi realizada na manhã desta terça-feira (19). A decisão judicial que orienta a atuação da Polícia Federal nas dependências do Banco determina, exclusivamente, o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro pelo prazo de 60 dias.
A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades. O Banco segue operando normalmente, garantindo a continuidade integral dos serviços e preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda a sua estrutura operacional.”
