INSS: empresário suspeito de fraudes em biometria movimentou R$ 103 milhões, diz Coaf
O empresário Igor Dias Delecrode, investigado por supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), movimentou R$ 103 milhões em um ano e meio. Há indícios de transferências incompatíveis com seu patrimônio, segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à CPI do INSS e obtido pela Coluna do Estadão. Delecrode teve o celular apreendido pela CPI na última semana.
Delecrode é suspeito de atuar em fraudes de assinatura digital e biometria de beneficiários que tiveram descontos ilegais no INSS. Segundo a CPI, ele está envolvido em irregularidades de R$ 700 milhões. Para o relator da CPI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o empresário de 28 anos “é o coração tecnológico de toda a safadeza e deveria estar preso”. Amparado por um habeas corpus, ele pouco falou em depoimento ao colegiado no último dia 10 e irritou os parlamentares.
Procurada, a defesa de Igor Dias Delecrode não respondeu. O espaço segue aberto a eventuais manifestações.
R$ 26 milhões movimentados em 6 meses
Uma das contas bancárias de Delecrode analisadas pelo Coaf registrou o fluxo de R$ 26,2 milhões em seis meses, entre fevereiro e agosto deste ano.
“Movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”, alertou o órgão de combate à lavagem de dinheiro. Essa anotação aparece outras três vezes no relatório.
Também chamou a atenção dos técnicos do Coaf o fato de que uma parte do dinheiro recebido pelo empresário era rapidamente debitada. A observação foi feita em uma conta de Delecrode que movimentou R$ 13,7 milhões em seis meses, de abril a outubro de 2024.
O Coaf ainda apontou operações que “configurem artifício para burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou dos destinatários finais”.

