20 de novembro de 2025
Politica

Nem Fux no STF nem Kássio no TSE podem devolver Bolsonaro às urnas em 2026

Jair Bolsonaro deposita em dois ministros a esperança de ter o rosto estampado nas urnas em 2026. No Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux é o relator de um recurso contra a inelegibilidade. Em junho do ano que vem, Kassio Nunes Marques assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Embora ambos tenham afinidade ideológica com o ex-presidente e não economizem demonstrações públicas nesse sentido, não há caminho jurídico capaz de reverter a situação eleitoral do capitão agora.

Jair Bolsonaro, quando era presidente, na cerimônia de posse de Kassio Nunes Marques como ministro do STF, em 2020
Jair Bolsonaro, quando era presidente, na cerimônia de posse de Kassio Nunes Marques como ministro do STF, em 2020

Fux votou sozinho pela absolvição de Bolsonaro no processo da trama golpista. Foi criticado e isolado pelos colegas. Acabou trocando a Primeira pela Segunda Turma. No novo colegiado, Nunes Marques e André Mendonça, nomeados para o STF pelo ex-presidente e alinhados com o pensamento da direita, poderiam formar com Fux um placar de três a dois para derrubar a inelegibilidade imposta a Bolsonaro.

A interlocutores, Fux diz que ainda não decidiu se vai optar por esse caminho. Cogitaria, inclusive, levar a discussão ao plenário, com a presença dos 11 ministros. O ministro tem esperado o momento ideal para pautar o recurso, que está no gabinete dele desde maio do ano passado. A pessoas próximas, chegou a anunciar que negaria a apelação, mas ainda não fez isso. Não consideraria importante tratar do tema agora.

Em caráter reservado, ministros do tribunal acreditam que ele não pautará o recurso tão cedo, mas por outro motivo: mesmo com a inelegibilidade anulada, restaria outra decisão do TSE em vigor que proíbe Bolsonaro de se candidatar. Além dessa, a condenação por planejar um golpe dará ensejo a mais um impedimento, com base na Lei da Ficha Limpa.

Ou seja, se Fux decidir levar o recurso a julgamento, poderia até garantir vitória a Bolsonaro na Segunda Turma. No plenário, as chances seriam menores. Mas, nos dois cenários, o ex-presidente continuaria inelegível. Seria mais um desgaste para o ministro, sem possibilidade de ver atingido o efeito esperado.

Restaria a Bolsonaro apostar no TSE. Nunes Marques tem se mostrado fiel ao ex-presidente em julgamentos cruciais. Nas votações em plenário sobre o 8 de Janeiro, divergiu de Alexandre de Moraes para absolver boa parte dos acusados e reduzir a pena dos condenados.

Mas isso não é o suficiente para salvar a pele do ex-presidente. As apelações à Corte Eleitoral já foram negadas e não há mais chance para a defesa apresentar outras. Por outro lado, o presidente do tribunal não poderia tomar sozinho uma decisão para beneficiar Bolsonaro. Seria preciso obter o aval da maioria do plenário – e isso dificilmente aconteceria.

 

 

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