20 de novembro de 2025
Politica

Lula paga para ver ao enfrentar desejo de Alcolumbre e indicar Messias de olho em batalhas no STF

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu pagar para ver e enfrentar a ira do Senado e de Davi Alcolumbre exatamente no momento em que mais precisa do Senado. A escolha de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) reforça a ideia de que Lula priorizou batalhas que virão mais adiante, na Corte, principalmente se o petista for reeleito.

Pior do que não escolher Rodrigo Pacheco, como queria Alcolumbre e os senadores, Lula, ao demorar a fazer o anúncio e conversar daqui e dali, acabou abrindo espaço para que ficasse clara uma articulação do presidente do Senado. Ao preferir outro nome, Lula impõe, ao menos por enquanto, uma derrota pública para Alcolumbre. Resta a dúvida se a vingança virá na hora de a indicação ser analisada pelos senadores.

Lula ao lado de Davi Alcolumbre, que preferia Pacheco como o indicado ao STF
Lula ao lado de Davi Alcolumbre, que preferia Pacheco como o indicado ao STF

Como mostrou Carolina Brígido, Lula levou em consideração a importância eleitoral de escolher um evangélico para a Corte. O que também pode até ser um trunfo para amenizar a resistência de parte da oposição no Senado.

Mas também pesa na balança de Lula as disputas que virão no futuro no Supremo Tribunal Federal. Como falei aqui neste espaço na ocasião da saída de Barroso, especula-se entre aliados do governo que uma das alternativas para mitigar o caos orçamentário previsto para os próximos anos com a explosão das despesas e a restrição dos gastos discricionários possa ser o debate sobre o fim da obrigatoriedade das emendas parlamentares e a redução de seu volume. Esse tende a ser um debate em consequência às ações no STF que hoje investigam desvios no orçamento secreto. Por isso, é bem provável que a Corte seja chamada a decidir sobre isso em breve.

Se escolhesse Rodrigo Pacheco após a pressão do Senado, Lula levaria ao STF alguém com mais gratidão ao Parlamento e ao presidente do Congresso do que a ele. E, em tese, mais alinhado à visão do Legislativo do que à do Executivo neste tema. Pacheco, aliado de primeira hora de Alcolumbre, foi quem ajudou a manejar o acordo de emendas que deu força ao Parlamento. Dificilmente votaria com o governo para restringi-lo, portanto.

Diante da necessidade de enfrentar esse problema, Lula resolveu arriscar. Mesmo alertado por senadores que o ministro Jorge Messias pode ter seu nome rejeitado e dependendo cada vez mais do Senado em tempos de litígio com a Câmara, o petista não recuou. A ver se o presidente do Senado fará o mesmo.

 

 

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